Miguel Rosário
O jornalista Luiz Carlos Azenha publicou esta semana um artigo na seção de opinião de seu site, VioMundo, que despertou uma saudável polêmica. O título do texto é "Lula: não há principio que não seja negociável", e, na sua essência, faz algumas afirmações controversas sobre o ex-operário e sobre política em geral. Eis um trecho:
Eu fico sinceramente sentido pelos internautas e pelas gotas de suor imaginário que os vejo verter diante dos computadores em defesa do governo Lula e do presidente da República. Outros o fazem em defesa da qualidade da informação, da justiça social ou de alguma outra causa realmente nobre.
Talvez minha longa carreira no Jornalismo tenha me transformado num cínico profissional. Eu sinto sinceramente por gente como o blogueiro Eduardo Guimarães, que além de tantos afazeres e tarefas complicadas que enfrenta na luta pela sobrevivência ainda encontra tempo, disposição e vontade para uma luta desigual e desgastante.
Eu leio os protestos desesperados de internautas sobre o fato de que o governo Lula mandou representantes ao aniversário da revista "Veja", aquela que sempre quis derrubar o governo Lula. Fico sinceramente surpreso ao descobrir que tem gente que desconhece como é o mundo da política. Infelizmente não é bonito, principalmente visto por dentro -- como já tive a oportunidade de ver, profissionalmente. Sob risco de ser espancado, repito o que já escrevi anteriormente: Lula só pensa em 2014. Ele fez e fará qualquer negócio para retornar ao poder em 2014. Se para voltar ao poder o Lula tiver que beijar o Civita na boca ele o fará. Aliás, não o fará pelo absoluto desprezo que Civita e a turma dele sentem pelo Lula.
As palavras de Azenha não surpreenderam a ninguém, visto que o mesmo, assim como Paulo Henrique Amorim, faz o estilo jornalista inteligente-e-debochado, mas de esquerda. No entanto, o texto produziu uma verdadeira avalanche de opiniões contrárias, muitas escritas com impressionante lucidez. Eis uma delas:
"O Lula estava lá, toda a gente, todo o grupo dos operários do ABC estava lá. As discussões eram muito acaloradas. Num certo dia, houve um longo debate e honestamente não me lembro mais qual era questão, mas recordo-me do ritmo que tomou. Alguns queriam que aquilo fosse resolvido de hoje para amanhã, outros queriam que a solução fosse naquele dia mesmo e não amanhã. E alguns defendiam que se desse na semana que vem. O Lula, então, fez a seguinte observação, que guardo até hoje: 'vocês (para os intelectuais) parecem não levar em consideração aquilo que é próprio da classe trabalhadora. Nós temos muita paciência, nós temos uma paciência histórica, a gente sabe que de hoje para amanhã tem uma noite no meio e essa noite pode fazer com que de hoje para amanhã tudo tenha mudado. A gente precisa ter muita paciência, ir muito devagar'. Nunca me esqueci disso, porque na hora eu pensei, é isso mesmo. Intelectual de classe média é imediatista e acha que as coisas acontecem da noite para o dia. Quem tem a história de classe junto com ele e vem dessa história de fato precisa ter construído o que construiu com uma enorme paciência" Mais (entrevista com M. Chauí) em:
http://www.revistaforum.com.br/sitefinal/EdicaoNoticiaIntegra.asp?id_artigo=541
Muitos comentaristas afirmaram que estão plenamente conscientes das mazelas e contradições do poder, mas que defendem Lula porque acreditam que ele representaria uma direção original, um caminho positivo para o país.
Eu também gostaria de tecer algumas considerações sobre o artigo de Azenha. Em primeiro lugar, acho que há um ponto problemático, porque Azenha não ataca somente o governo Lula, mas sobretudo a própria participação política. De uma forma elegante, diria até mesmo carinhosa, Azenha ridiculariza os que defendem o governo Lula ou defendem qualquer político, porque estes só pensariam no poder.
No afâ de apontar ingenuidades nos outros, Azenha mergulhou no próprio centro da ingenuidade. Conheço bem sua posição, é muito comum no Rio e nas hostes esquerdistas. Eu chamo de brizolismo. É um brizolismo janota, despreocupado, sarcástico e, muitas vezes, tristemente cínico. Mas esse janotismo e sarcasmo e cinismo são, na maioria das vezes, apenas uma capa psicológica, ideológica e profissional. Psicológica para passar a idéia de valentia, de macheza política, atributos que, definitivamente, faltariam a Lula. Ideológica porque se coloca à esquerda do governo Lula, o que significa, no esquerdismo clássico, uma posição moral mais graduada. Profissional porque se criou no Brasil, para o jornalismo, determinados dogmas anti-políticos, solidificados ao longo de tantas ditaduras (Império, Vargas, militares) e crises políticas.
Compreendo perfeitamente que se usem essas capas. Todos nós precisamos delas, o tempo todo. Mas às vezes nos enrolamos tanto nelas que ficamos sufocados. E vejo uma discreta, mas irremediável, contaminação lacerdista nas idéias de Azenha. Ele culpabiliza Lula por pensar em 2014. Vários leitores responderam: e daí? Certamente, ele pensa no futuro. Mas acho presunçoso estar tão seguro do que se passa na cabeça de outrem. Lula, com a popularidade alcançada, pode pleitear o cargo que desejar: senador, por exemplo. Ele diz que Lula beijaria na boca de Civita (dono da Veja) para ser presidente em 2014. Ora, é uma metáfora tola e chauvinista. Em primeiro lugar, não é Lula que tem raiva de Civita. É o contrário. Nesses anos todos, com exceção de uma oportunidade (quando houve a matéria sobre as contas falsas no exterior, pateticamente negada pela própria fonte da matéria, que foi... Daniel Dantas), Lula nunca agrediu a Veja. A Veja é que vem agredindo o presidente sistematicamente. Portanto, se fosse o caso de que tal beijo ocorresse, nosso espanto maior seria que Civita aceitasse e não a oferta labial de Lula.
Há também o desconhecimento da história de Lula. Criado nas batalhas sindicais, Lula certamente teve que enfrentar inúmeros Civitas e patrões, e nunca caiu na esparrela estéril e adolescente da esquerda rancorosa e isolacionista. Aconselho Azenha a rever "Eles não usam black tie", o belíssimo filme de Gianfrancesco Guarnieri. Todos esses dilemas estão ali. Azenha parece se alinhar a um dos personagens do filme, um trabalhador ansioso e acusativo, que aos poucos se vai mostrando uma figura extremamente negativa e mesmo perigosa para o movimento sindical.
Uma luta não é feita somente de ataques, mas de recuos e avanços estratégicos. Azenha recorta um momento de recuo e infere dali uma derrota moral. Mas a avaliação precisa ser mais abrangente. É preciso ver as coisas do alto, de uma perspectiva histórica. Um bom jornalista precisa ter números. Precisa ser mais cientista e menos... político. Tenho a impressão que há um segmento da opinião pública, mesmo na esquerda, que recusa, por indolência, a análise econômica. E questão econômica é fundamental.
Sobre a questão política propriamente dita. O governo mandou representantes para o aniversário da Veja. Esse fato também me irritou. Mas depois eu pensei. Bem, ao menos o Lula não foi. Seguramente foi convidado e se negou a ir. Quanto a ida de ministros, seria sensato recusar peremptoriamente? Os chineses devem ter alguma frase do tipo: se não pode vencer o tigre, nem amansá-lo, não o perca de vista. Afinal, não deixa de ser irônico que a Veja, depois de tantos ataques vis ao governo, seja obrigada a, no aniversário de seus quarenta anos, estender o tapete vermelho para os representantes deste governo. Sim, porque eles foram os convidados principais. Não deixa de ser, portanto, uma tentativa da Veja se manter viva. O certo seria não ir? Ora, a Veja recebe milhões de propaganda oficial - porque o governo é obrigado, por lei, a anunciar em todas as publicações de grande circulação, sem poder escolher uma ou outra. Então, a Veja é um pouco nossa também. É um pouco do governo.
Chávez fechou um canal de tv na Venezuela. Os donos desse canal participaram do golpe contra ele. É um caso diferente. Mesmo assim, o dano político à imagem de Chávez foi enorme. Os atuais brizolistas admiram Chávez. Eu não admiro Chávez. Acho que ele é um cara importante para a Venezuela e para a América Latina e compreendo que suas atitudes se deram num contexto de radicalização que ainda não experimentamos aqui. Mas eu assisti programas de tv em que Chávez desafia, de maneira absolutamente leviana e irresponsável, o Pentágono americano para um duelo militar. Claro que é uma bravata. Mas é um infantilismo tão tosco e perigoso. Uma atitude que nunca, nunca, o Lula faria. O Lula é, para dizer o mínimo, um cara adulto.
Na verdade, Azenha não compreendeu que a defesa do governo Lula não supõe nenhuma ingenuidade. Mesmo entre os que fazem uma defesa apaixonada. Trata-se, tão somente, de participação política. Afinal, de que forma participar politicamente? Defendendo socialismo? Defendendo esquerda ou direita? Ora, isso é abstrato. O brasileiro - assim como Lula - é pragmático. Não vamos ficar perdendo nosso tempo especulando se Lula se inclinou aqui ou acolá para esquerda ou direita, como se estivéssemos falando de uma mocinha que transou com zezinho ou joãozinho. As políticas devem ser analisadas sob perspectiva histórica, com um mínimo de distanciamento, e aí entram as pesquisas sociais e os dados econômicos. O Brasil é bastante feliz nesse ponto, porque conta com instituições muito competentes que monitoram a realidade econômica e social do país, como o IBGE e a FGV. Para mim, e para muita gente, o que importa é superar a pobreza e não saber ou não se Lula quer voltar em 2014. Lá estamos procupados em ler pensamentos alheios?
Um comentarista diz que o problema está no próprio sistema político representativo. Azenha responde, dizendo que concorda inteiramente.
Luiz Carlos Azenha (03/09/2008 - 20:10)
Advogado, acho que é por aí, mesmo. A utopia deve ser essa, a de melhorar as formas de representação. Em minha modesta opinião!
O comentário do advogado havia sido este:
Advogado, acho que é por aí, mesmo. A utopia deve ser essa, a de melhorar as formas de representação. Em minha modesta opinião!
O comentário do advogado havia sido este:
advogado (03/09/2008 - 20:04)
Azenha, nós precisamos encarar os fatos. O sistema de representação política por meio do sufrágio universal, sem freios e contrapesos, não funciona, principalmente num país onde a cultura da corrupção é predominante. O que acaba acontecendo é que o sistema de seleção de candidatos é a antítese do filtro - só o que é sujo passa. Diga a verdade: que pessoa minimamente proba, em sã consciência, se candidata a um cargo político hoje, com raríssimas exceções ? Como se fazer política honesta no meio de um sem-número de ratazanas ? Quem sabe parte dos agentes políticos deviam ser escolhidos por concurso público (é isso mesmo) para fazer contrapeso aos eleitos... Quem sabe conselhos compostos por pessoas que exercessem uma carreira (carreira mesmo, como auditor fiscal, juiz, etc) de administrador público ou representante parlamentar... Talvez um poder político assim, em parte meio "tecnocrata", ajudasse... Logicamente, a primazia ainda seria do voto... Esses representantes ou administradores públicos poderiam ser afastados pelo sufrágio. O fato é que algo tem que começar a ser discutido para, quem sabe, daqui uns cinqüenta anos, se a coisa não melhorar com esse lixo de sistema que está aí, haja uma alternativa.
As sugestões do "advogado" soam bastante sensatas. Mas há um desconhecimento histórico sobre os avanços da democracia representativa brasileira. Há cinquenta anos, menos de 20% dos brasileitos votavam. Há quarenta anos, nem votavam. Hoje, mais de 80% dos brasileiros votam. Claro que há corrupção na política, mas também existem muitos políticos sérios. A leitura dos livros do Wanderley Guilherme dos Santos me fez ver as coisas com um ceticismo mais inteligente. A nossa democracia é cheia de problemas, e por isso a nossa Constituição, de certa forma, é uma obra ainda em construção. Os deputados estão lá votando as mudanças. Eu acho muito mais ingênuo se pendurar numa bandeira utópica de uma futura mudança no sistema representativo - sem prova ou indício nenhum de que essa mudança significaria alguma melhora - do que você se engajar em campanhas de apoio ou ataque aos políticos que estão aí, em carne e osso, eleitos pelo povo e que podem, para o mal ou para bem, fazer alguma coisa.
E aí, por fim, entram as ilações de sempre. O pano de fundo do desencanto travestido de cinismo bem-humorado de Azenha é o caso Dantas. Mais uma vez, a mídia conseguiu fazer o Brasil esquecer que quem soltou Dantas não foi Lula. Lula prendeu Dantas. Quem soltou Dantas foi o Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal.
Se Lula não quisesse pegar Dantas, ele simplesmente não o prendia, não recolhia maletas e computadores de seus escritórios. Não fazia nada. Não é lógico. E aí temos esse afastamento do Paulo Lacerda, da Abin. Já escrevi sobre isso. O presidente do STF, o presidente do Senado, com apoio de todos os ministros do primeiro e vários senadores do segundo, pediram atitude enérgica do presidente. Eles estavam errados? Não importa. Eles representam a máxima instância da Justiça brasileira e a máxima do Legislativo e, segundo o princípio democrático dos três poderes, eles possuem tanto poder quanto Lula. Portanto, se o presidente do STF e o presidente do Senado pedem uma atitude enérgica de Lula, ele tem a obrigação de tomá-la. Mesmo que esses estejam influenciados por uma matéria tendenciosa da Veja. Não importa. Em caso contrário, Lula estaria sendo anti-democrático, anti-republicano, estaria sendo imprudente e, portanto, incompetente enquanto político.
Não é o caso de acusar Paulo Lacerda sem provas. O caso é que há indícios de que há vazamentos constantes de gravações da PF e da Abin, e Lacerda não conseguiu identificar de onde partem esses vazamentos. Há um "garganta profunda", um traidor, ou vários, infiltrados na PF e na Abin, e é função da Abin pegar esses caras.
E aí Lula nomeia o tão Trezza para chefe da Abin e as vozes se alevantam dizendo que é "homem de Dantas". Mais ilações. Ele trabalhou para uma das milhares de empresas de Dantas. Mas não teve contato com ele e saiu da empresa brigado com Dantas. Se todo empregado que trabalhasse numa empresa estivesse agora eternamente ligado a seu ex-patrão, o mundo acabava. Ele pode até ser um cara comprado por Dantas. Mas aí qualquer um podia ser, e não somente por ter trabalhado numa empresa de Dantas. Dantas pode comprar qualquer um. O fato de ter trabalhado numa empresa de Dantas, ao contrário, pode ser um ponto positivo, pode sugerir que ele conhece bem o atual adversário número 1 do governo.
No entanto, é forçoso admitir que o tal Dantas é mesmo tão poderoso como se dizia. As reviravoltas que assistimos, o apoio na mídia com que ainda conta, a força que possui junto a juízes do supremo e parlamentares, tudo é impressionante. Mas não percamos a perspectiva de que ele foi preso, seus documentos e computadores foram apreendidos, inclusive um computador escondido dentro de uma parede. Ele teve prejuízo de bilhões de reais com essa operação. Ele foi preso, repito. E não foi o Lula que soltou...
Azenha, nós precisamos encarar os fatos. O sistema de representação política por meio do sufrágio universal, sem freios e contrapesos, não funciona, principalmente num país onde a cultura da corrupção é predominante. O que acaba acontecendo é que o sistema de seleção de candidatos é a antítese do filtro - só o que é sujo passa. Diga a verdade: que pessoa minimamente proba, em sã consciência, se candidata a um cargo político hoje, com raríssimas exceções ? Como se fazer política honesta no meio de um sem-número de ratazanas ? Quem sabe parte dos agentes políticos deviam ser escolhidos por concurso público (é isso mesmo) para fazer contrapeso aos eleitos... Quem sabe conselhos compostos por pessoas que exercessem uma carreira (carreira mesmo, como auditor fiscal, juiz, etc) de administrador público ou representante parlamentar... Talvez um poder político assim, em parte meio "tecnocrata", ajudasse... Logicamente, a primazia ainda seria do voto... Esses representantes ou administradores públicos poderiam ser afastados pelo sufrágio. O fato é que algo tem que começar a ser discutido para, quem sabe, daqui uns cinqüenta anos, se a coisa não melhorar com esse lixo de sistema que está aí, haja uma alternativa.
As sugestões do "advogado" soam bastante sensatas. Mas há um desconhecimento histórico sobre os avanços da democracia representativa brasileira. Há cinquenta anos, menos de 20% dos brasileitos votavam. Há quarenta anos, nem votavam. Hoje, mais de 80% dos brasileiros votam. Claro que há corrupção na política, mas também existem muitos políticos sérios. A leitura dos livros do Wanderley Guilherme dos Santos me fez ver as coisas com um ceticismo mais inteligente. A nossa democracia é cheia de problemas, e por isso a nossa Constituição, de certa forma, é uma obra ainda em construção. Os deputados estão lá votando as mudanças. Eu acho muito mais ingênuo se pendurar numa bandeira utópica de uma futura mudança no sistema representativo - sem prova ou indício nenhum de que essa mudança significaria alguma melhora - do que você se engajar em campanhas de apoio ou ataque aos políticos que estão aí, em carne e osso, eleitos pelo povo e que podem, para o mal ou para bem, fazer alguma coisa.
E aí, por fim, entram as ilações de sempre. O pano de fundo do desencanto travestido de cinismo bem-humorado de Azenha é o caso Dantas. Mais uma vez, a mídia conseguiu fazer o Brasil esquecer que quem soltou Dantas não foi Lula. Lula prendeu Dantas. Quem soltou Dantas foi o Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal.
Se Lula não quisesse pegar Dantas, ele simplesmente não o prendia, não recolhia maletas e computadores de seus escritórios. Não fazia nada. Não é lógico. E aí temos esse afastamento do Paulo Lacerda, da Abin. Já escrevi sobre isso. O presidente do STF, o presidente do Senado, com apoio de todos os ministros do primeiro e vários senadores do segundo, pediram atitude enérgica do presidente. Eles estavam errados? Não importa. Eles representam a máxima instância da Justiça brasileira e a máxima do Legislativo e, segundo o princípio democrático dos três poderes, eles possuem tanto poder quanto Lula. Portanto, se o presidente do STF e o presidente do Senado pedem uma atitude enérgica de Lula, ele tem a obrigação de tomá-la. Mesmo que esses estejam influenciados por uma matéria tendenciosa da Veja. Não importa. Em caso contrário, Lula estaria sendo anti-democrático, anti-republicano, estaria sendo imprudente e, portanto, incompetente enquanto político.
Não é o caso de acusar Paulo Lacerda sem provas. O caso é que há indícios de que há vazamentos constantes de gravações da PF e da Abin, e Lacerda não conseguiu identificar de onde partem esses vazamentos. Há um "garganta profunda", um traidor, ou vários, infiltrados na PF e na Abin, e é função da Abin pegar esses caras.
E aí Lula nomeia o tão Trezza para chefe da Abin e as vozes se alevantam dizendo que é "homem de Dantas". Mais ilações. Ele trabalhou para uma das milhares de empresas de Dantas. Mas não teve contato com ele e saiu da empresa brigado com Dantas. Se todo empregado que trabalhasse numa empresa estivesse agora eternamente ligado a seu ex-patrão, o mundo acabava. Ele pode até ser um cara comprado por Dantas. Mas aí qualquer um podia ser, e não somente por ter trabalhado numa empresa de Dantas. Dantas pode comprar qualquer um. O fato de ter trabalhado numa empresa de Dantas, ao contrário, pode ser um ponto positivo, pode sugerir que ele conhece bem o atual adversário número 1 do governo.
No entanto, é forçoso admitir que o tal Dantas é mesmo tão poderoso como se dizia. As reviravoltas que assistimos, o apoio na mídia com que ainda conta, a força que possui junto a juízes do supremo e parlamentares, tudo é impressionante. Mas não percamos a perspectiva de que ele foi preso, seus documentos e computadores foram apreendidos, inclusive um computador escondido dentro de uma parede. Ele teve prejuízo de bilhões de reais com essa operação. Ele foi preso, repito. E não foi o Lula que soltou...
Nenhum comentário:
Postar um comentário