terça-feira, março 24, 2009

Sucessão mineira: conjecturas

Uma boa análise das últimas pesquisas sobre a sucessão mineira.

Do Blog do Bruno
Fiquei de cabelos em pé ao tomar conhecimentos das pesquisas para o governo de Minas Gerais realizadas pelo Datafolha e pelo Vox Populi. Uai, não era para menos, elas indicam que Hélio Costa lidera com folga a disputa e, pior, venceria no primeiro turno em alguns cenários. Outro detalhe que serviu para me assustar: Fernando Pimentel tem mais intenções de voto do que o seu adversário interno, Patrus Ananias, o preferido do blog.
Passado o primeiro impacto, acalmei-me: muita água ainda passará por baixo da ponte. Afinal, falta um ano para o início da campanha. Mas, ainda assim, vamos analisar os números.

No cenário em que o candidato do PT é Patrus, Hélio Costa tem 55% de intenções de votos de acordo com o instituto Vox Populi e 41%, pelo Datafolha. Patrus tem 16% e 11%, respectivamente.
Na outra situação proposta, em que Pimentel é o candidato, a vantagem de Costa é menor: tem 47% das intenções de voto pelo Vox Populi e 37%, pelo Datafolha. Pimentel fica com, respectivamente, 28% e 24%.
O provável candidato pelo PSDB, o vice-governador Antonio Anastasia, tem ao redor de 5% de votos em todas as simulações.

Esses números, no entanto, não servem para muita coisa. Quem se lembra quem liderava as pesquisas para presidente da República em abril de 1993? Eu me lembro muito bem, era Lula. E, no entanto, nós sabemos qual foi o resultado das eleições de 94... Lembrei de outra: alguém aí se recorda de quem liderava todas as pesquisas de intenção de voto para o governo de Minas Gerais nesse mesmo abril de 1993? Sim, era ele mesmo, Hélio Costa. Abertas as urnas, em 1994, o atual ministro das Comunicações amargou a segunda colocação, sendo suplantado por Eduardo Azeredo. Como eu já disse, muita coisa ainda vai acontecer até a eleição de 2010. Por isso, Hélio Costa não me preocupa muito, pelo menos por enquanto.
O que mais me preocupa é a disputa interna no PT entre Patrus Ananias e Fernando Pimentel. Se esses números apresentados não nos permite projetar nada para 2010, eles são importantes para a definição dos candidatos. O grupo de Pimentel, com certeza, irá usá-los para convencer o partido de que ele deveria ser o candidato pelo PT, pois está mais bem posicionado nas pesquisas. A Patrus caberá contra-argumentar que a campanha ainda nem começou e que os números das pesquisas se devem ao "recall" (Pimentel acabou de deixar a prefeitura depois de fazer um governo muito bem-avaliado e que quase não enfrentou oposição) e que durante a campanha ele, Patrus, teria mais chances de crescer à medida que forem relembradas a sua revolucionária gestão frente a prefeitura de BH e sua destacada atuação no ministério "do bolsa-família". Enfim, esses números podem acirrar ainda mais a disputa dentro do PT. Administrar essa briga de modo que ela não deixe cicatrizes muito profundas e não impeça o partido de marchar unido vai ser uma tarefa para lá de delicada. Talvez só Lula seria capaz de apartar essa briga antes que ela termine em "derramamento de sangue".
Bom, definido o quadro dentro do PT, começa outra batalha: a eleição propriamente dita. O fantasma de uma vitória de Hélio Costa no primeiro turno me parece que não passa mesmo de um fantasma. Primeiro, a ampla vantagem de Costa se deve, em grande medida, ao fato dele ser o pré-candidato mais conhecido isso sem dúvida tem grande importância nessa fase da disputa). Segundo, as bases de apoio popular tanto de Pimentel quanto de Patrus, principalmente na capital, são muito mais sólidas que a do peemedebista. E por fim, as intenções de voto para Anastasia devem aumentar muito durante a campanha. Ele é muito pouco conhecido e à medida que, durante a campanha, ficar claro que ele é o candidato de Aécio e que ele é o principal mentor e executor do "choque de gestão" do governo estadual, sua candidatura deve ganhar robustez. Com isso, com três candidatos fortes, fica quase impossível que haja uma vitória em primeiro turno.
O crescimento da candidatura de Anastasia é inevitável, pelos motivos que expus acima, por isso deve-se ficar atento para impedir que um eventual racha no PT faça com que Patrus ou Pimentel fique fora do segundo turno. Isso seria uma tragédia (acho que só comparável à eleição de 1990, quando os mineiros tiveram que decidir entre Hélio Costa e Hélio Garcia. Felizmente eu ainda era criança e não tive que optar entre a cruz e a caldeira). Seria muito importante que, além de marchar unido, o PT reestabeleça a aliança de esquerda que ficou abalada nas últimas eleições municipais. Todo esforço é bem-vindo para garantir que o PCdoB de Jô Moraes, o PDT de Sérgio Miranda e o PSB de Marcio Lacerda esteja ao lado do PT. Não vai ser nada fácil costurar essa aliança, existem mágoas e projetos pessoais que a dificultam. Mas em 2010, mais do que nunca, ela é necessária.
Comentário: Este blog apóia Patrus Ananias para o governo de Minas. Claro, se Fernando Pimentel vencer a disputa interna no PT, o blogueiro estará do seu lado na disputa. Mas espero que o desfecho seja outro, com Patrus saindo para governador. O ideal seria uma dobradinha com o PMDB, porém como Hélio Costa aparece muito bem colocado nas pesquisas, isso fica cada vez mais distante. Dois postulantes da base do governo Lula (Hélio Costa e Patrus ou Pimentel), o que dará à candidatura de Dilma enorme fôlego no segundo colégio eleitoral do país.
Quem acompanha o blog sabe das divergências que tenho com relação à atuação de Pimentel na eleição de 2008. Mas o momento é unidade no PT, seja com Patrus ou Pimentel. Assim, a candidatura governista para o Planalto se fortalece, enquanto o PT pode chegar ao Palácio da Liberdade. Os verdadeiros adversários estão do outro lado do espectro político, unindo-se em torno do projeto direitista.
Tanto com Serra quanto Aécio, o projeto do PSDB é governar ao lado do DEM, do PPS e outras siglas da direita. Um retrocesso com relação aos avanços do governo Lula. A luta política de 2010 será dura, confrontando dois projetos políticos diferentes. Embora o PSDB empunhe o discurso pós-Lua, tentando vender para o eleitor a idéia de continuidade do governo Lula, de mais do mesmo, nós sabemos que isso é falso. O projeto deles é outro.

quarta-feira, março 18, 2009

Tião Viana (PT-AC) e o celular para a filha

O senador do Acre fez uma campanha memorável para a presidência do Senado, principalmente por que perdeu pelos méritos. Fez uma campanha baseada em princípios, na defesa de verdadeira faxina na Casa, acabando com algumas velhas práticas geralmente pouco republicanas.

Os ganhadores (Sarney, Renan, Gim Argelo, bom parar por aqui) ficaram carimbados com os velhos costumes da Casa, que a cada dia, a cada noticia, aparecem coisas que é preciso tirar as crianças da sala para passar no telejornal. A última é justamente o post anterior. Simplesmente inacreditável.

Primeiro, surge a denúncia contra o Diretor Geral do Senado, Agaciel Maia, que vem a ser primo do líder do DEM, Agripino Maia e irmão de outro deputado federal, acerca da casa de cinco milhões de reais que não aparecia em sua declaração de imposto de renda e foi obtida quando seus bens estavam bloqueados na Justiça. Coisa estranha né!

Depois veio a denúncia de que o Diretor de Recursos Humanos, João Carlos Zoghbi, provável substituto de Agaciel Maia, tinha requerido apto funcional do Senado para moradia de seu filho. Ou seja, não basta os gordos e injustificáveis salários dos servidores do Senado, também tem que fornecer casa para os filhos deles.

Tem ainda os mais de seis milhões de reais em horas-extras que Efrain Morais (DEM-PB) autorizou em pleno recesso do Senado. Era só mais um extra para engordar os salários nada módicos dos servidores da Casa. Veja o nível que chegamos.

Também apareceu a denuncia contra a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), que trouxe para Brasília um grupo de pessoas usando sua cota pessoal de passagens aéreas. Mais um desvio que evidencia a tolerância com a apropriação privada de bens públicos.

A coisa no Senado esquentou. Ficou parecendo segundo turno da disputa pela presidência do Senado. A onda de denúncias teria partido do grupo de apoiadores de Tião Vianna. Como revide, a tropa de choque de Sarney contra-atacou.

É assim que, no meio dessa enxurrada de denúncias, aparece o tal celular, pago pelo Senado, que Vianna cedeu à sua filha numa viagem ao México. E sem falar da farra de diretores. O senador Tião Vianna (PT-AC) é dos melhores senadores da república. Mas estou cheio das desculpas esfarrapadas dos homens públicos.

Vianna podia nos poupar desse constrangimento. A coisa é muito simples. Aquilo que comprei do meu bolso, com dinheiro ganho honestamente, e que pago pelo seu custo é meu, faço daquilo o que quiser. Se pela posição que ocupo tenho direito a usar algo comprado com o dinheiro do erário, o uso só pode ser a bem da função pública que eventualmente exerço. Pai zeloso não justifica deslize para confundir o que é público com o que é privado. Não custava nada tirar um celular do próprio bolso para sua filha. De certo, ela já tem um. Era só habilitá-lo para receber chamadas internacionais.

O caso Tião Vianna é uma mostra da contaminação no Senado Federal. É uma pechincha. Merecia no máximo nota de rodapé. Mas deve servir de lição. Depois alguns senadores culpam o eleitor por achá-los todos farinha do mesmo saco. Bem que podiam dar uma ajudazinha. E a primeira é jamais confundir público com o privado. Nem nas coisas aparentemente irrelevantes.


A farra de diretorias do Senado

Do Blog do Noblat 
 
Vocês achavam que o Senado tinha 136 diretores, conforme os jornais publicaram hoje? Não, são 181. Para 81 senadores. Que tal? Mais de dois diretores por senador. No início da tarde, o Senado informara que o número de diretores excedia a 190. Há pouco cravou: 181. 
Exemplos de diretorias: 
* Diretoria de Acompanhamento da Opinião Pública; 
* Diretoria de Coordenação de Inativos;
* Diretoria de Rádio em Frequência de Ondas Curtas; 
* Diretoria de Anais;
* Diretoria de Contratação Indireta. 
Não é formidável? Tem diretor que trabalha sozinho. Quer dizer: não dirige ninguém. As diretorias são ocupadas por funcionários do Senado, que além do salário ganham uma grana a mais para ocupar o cargo. 
Do ex-senador Darcy Ribeiro:  "O Senado é melhor do que o céu, porque nem é preciso morrer para estar nele". 
Comentário do blogueiro: 
Basta de abusos do funcionalismo de algumas categorias, principalmente do legislativo e judiciário. Também sou servidor público federal, mas penso que concurso público não é véu para encobrir recebimentos indevidos (as famosas horas-extras), desvio de função ou criação de cargos de direção fictícia para engordar salários de comissões. Abuso é abuso, não tem meias palavras. Aliás, todo mundo sabe que o Senado trabalha no esquema hoje eu vou, amanhã você vem e depois é o outro lá. 
Quem conhece o ritmo aqui sabe que os servidores de alto escalão do legislativo ganham para trabalhar 40 horas semanais, mas passam o dia dando aulas em cursinhos e faculdades do DF.  O que eles menos devem fazer é trabalhar no Senado. 
Se cortar dois terços dos servidores do Legislativo Federal ninguém sente falta. Só os restaurantes, cinemas e donos de aptos para alugar em Brasília. Como moro de aluguel aqui, vou ficar feliz com a queda nos preços dos aluguéis. E se isso ajudar no combate à especulação imobiliária da Capital, melhor ainda, quem sabe os servidores menos ricos de outros poderes não têm chance de comprar sua moradia. Aliás, para esses não existe imóvel funcional. 

quinta-feira, março 12, 2009

PIB: Números para todos os gostos

Do Blog Logística e Transportes, de José Augusto Valente

A divulgação da expansão do PIB brasileiro, relativa a 2008, especialmente ao seu quarto trimestre, apresenta números para todos os gostos. Inclusive números bastante favoráveis ao governo federal. Apesar disso, o governo brasileiro se colocou no “corner” do ringue, para receber pancada de todo lado, acusando os golpes recebidos, quando poderia fazer uma outra leitura, com base nos números do IBGE.
O que dizem os números relativos ao PIB, levantados pelo IBGE?
1. Apesar da crise financeira dos EUA, com fortes repercussões na Europa e na Ásia, a economia brasileira cresceu 5,1% em 2008
2. No ranking das economias que tiveram as maiores taxas de crescimento do PIB (2007/2006), o Brasil subiu do 16° para o 11° lugar (ver gráfico na página 22, do jornal O Globo de hoje – 11 de março de 2009)
3. Ainda nesse ranking, o Brasil foi o país que teve a menor redução da taxa de crescimento do PIB (2008/2007). É esse percentual e não o de redução do quarto em relação ao terceiro trimestre, que mostra o nível de desaceleração da economia. Para a China cair de 11,9% para 9,0%, a queda entre o quarto e o terceiro trimestre de 2008 deve ter sido, no mínimo, o dobro do que os números do Brasil:
a. O Brasil reduziu 10,5% (caindo de 5,7% para 5,1%)
b. A China reduziu 24% (caindo de 11,9% para 9,0%)
c. A Rússia reduziu 23,5% (caindo de 8,1 para 6,2%)
d. A Índia reduziu 21,5% (caindo de 9,3% para 7,3%)
e. Nessa lista, somente a Malásia e a Indonésia tiveram uma redução do PIB menor que o Brasil, com 7,9% e 3,2%, respectivamente
4. Ou seja, a redução da taxa de crescimento do PIB de 3,6%, do quarto em relação ao terceiro trimestre mostra o óbvio: todas as economias foram afetadas pela crise financeira dos EUA. A redução da taxa de expansão do PIB em apenas 10,5%, quando a maioria dos países desenvolvidos tiveram essas taxas superiores a 20%, mostra que a economia brasileira foi bem menos afetada pela crise, seja pela sua solidez, seja pelas medidas do governo federal e de alguns governos estaduais para mitigar os seus efeitos.
5. Essa redução pode ser explicada, em parte, pelo clima de pânico criado pela imprensa, que contribuiu para levar a 2% a redução do consumo e à redução da produção industrial – principal exemplo, a automobilística – com demissões prematuras, como ficou claro quando a partir de janeiro a indústria automobilistica convocou seus trabalhadores para a retomada que vem mantendo níveis crescentes, como temos publicado aqui neste blog.
Se tivéssemos uma imprensa minimamente isenta, as matérias de hoje seriam do tipo “Economias mundiais desabam. Entre os países desenvolvidos e emergentes, o Brasil cai muito menos que todos os demais!”.
No corpo da matérias, a imprensa buscaria explicar porque o Brasil caiu tão pouco e os países ricos e os demais do BRIC tiveram uma queda tão violenta.
Sorte? Economia sólida e menos dependente do comércio exterior? Governo eficaz?

domingo, março 01, 2009

2010: A ministra larga na frente

Marqueteiros chamam a atenção para o crescimento da candidatura de Dilma Rousseff ao Planalto. Serra e Aécio precisam superar divergências no PSDB. Mais vale um candidato na mão do que dois voando.    

Daniela Lima    
Com dois nomes de peso na política nacional, o PSDB parecia ser um oponente imbatível na corrida presidencial em 2010. Mas o que deveria contar pontos a favor do partido, engessou as potenciais candidaturas dos governadores José Serra, de São Paulo, e Aécio Neves, de Minas Gerais. Enquanto os tucanos patinam nas divergências internas, o presidente Lula emplaca a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.    
Cada vez mais exposta na mídia, Dilma largou na frente. Aproveitou a inércia tucana e iniciou a construção de um personagem que se apresenta ao eleitor à imagem e semelhança do presidente. Três dos marqueteiros mais conhecidos do país são unânimes ao admitir que, hoje, a candidata do PT à presidência da República em 2010 já é uma possibilidade para o eleitor. “O PSDB tem uma enorme chance de ganhar, mas está fazendo força para perder. Hoje, para o eleitor, ela (Dilma) já tem cara de possibilidade, e isso é muita coisa”, avalia Carlos Brickmann, homem responsável pela campanha vitoriosa de Paulo Maluf à prefeitura de São Paulo em 1992.    
Há cerca de um ano, quando Dilma foi lançada como a opção de Lula à sucessão, poucos acreditaram que ela poderia alçar vôo. Ela era considerada uma mulher séria, eficiente e confiável, mas com pouquíssimas chances de substituir a figura idolatrada do presidente que bateu todos os recordes de popularidade da história do país. Mas a indefinição tucana abriu espaço para a petista. “O PSDB não é obrigado a ter um candidato agora, mas tem que ter uma estratégia”, completa Brickmann.    
Blindada pelo presidente Lula, Dilma se dedica a tornar-se uma figura conhecida. “Em política os espaços não ficam vazios por muito tempo, e ela está ocupando esses espaços. Acho que o Lula tem força para fazer um candidato passar pelo primeiro turno, mas ganhar é outra coisa”, pondera o publicitário Edson Barbosa, que fez a pré-campanha do presidente em 2006.   
E se é preciso mais para ganhar, Dilma tem feito o dever de casa. Aparições públicas, reforços no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), um presente do presidente Lula para a ministra candidata, tudo isso sem deixar de lado a imagem de eficiência que a fez conquistar o respeito no cenário político. “A Dilma é um personagem muito interessante. É uma mulher, o eleitorado é simpático à mulher como gerente, e ela é eficiente. Na hora que o eleitor perceber quem é essa personagem, ela vai virar uma heroína, e vai dar muito trabalho aos adversários”, acredita Lucas Pacheco, marqueteiro responsável por parte da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) à prefeitura de São Paulo.    
De dentro para fora 
E, enquanto a ministra tenta aparecer para fora, já que conta com a total confiança do homem mais forte de seu partido, Serra e Aécio tentam equilibrar as forças dentro do PSDB. O governador mineiro quer prévias no partido para a escolha do candidato ao Planalto. Serra diz aceitar a consulta interna, mas ainda trabalha para evitar o confronto com Aécio.    
Serra costura acordos políticos desde que se elegeu governador. Aécio tenta provar que apostar no novo seria bom para os tucanos e que o partido deve discutir projetos políticos e não nomes. Uma tentativa de amenizar a força que José Serra já tem na legenda.    
Outro empecilho para os dois candidatos, segundo os marqueteiros, é a gestão da máquina pública. “Eles têm um problema enorme: ainda não podem fazer campanha. Ficam mal com o eleitor. O povo elege um governador e ganha um candidato”, opina Carlos Brickmann.    
Mas se ainda é cedo para dar o pontapé oficial na campanha tucana, nos bastidores, as negociações estão muito adiantadas. Serra atua fortemente em seu estado. Fechou um acordo com o PMDB paulista, contando com o apoio de Orestes Quércia. Além disso, tem ao seu lado o prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab (DEM). “Ele, com essa postura, sinaliza para o partido que é um homem capaz de agregar. O PMDB paulista (Quércia) ajuda o Serra aqui, assim como a proximidade do governador Sérgio Cabral com o governo federal ajuda a Dilma no Rio”, compara Lucas Pacheco.    
Outra estratégia dos pré-candidatos tucanos é apostar na propaganda de uma gestão de sucesso em seus respectivos estados. Hoje o governo de São Paulo veicula nacionalmente a campanha da Companhia de Saneamento Básico (Sabesp), mostrando ao país como a gerência tucana está investindo da despoluição do rio Tietê. A mensagem é simples: a preocupação ambiental é uma marca que rende votos. “Hoje, todos os atos dos pré-candidatos são extremamente ensaiados. Nada é ao acaso. O Serra está se mexendo muito em São Paulo. A idéia dele é passar o rolo compressor no estado”, indica Pacheco.    
Aécio parece apostar no discurso da jovialidade, renovação. Em duas palavras: gestão moderna. Para isso, conta com sua capacidade de convencimento e carisma. Quer ter oportunidade de debater seu projeto político. “Os dois são completamente diferentes: o Aécio é um admirador dos prazeres da vida, já o Serra adora sanduíche de pão integral, com uma fatia de queijo ligth e alface”, compara, com humor, Carlos Brickmann.    
Mesmo com vários personagens em cena, o fato é que o palco das próximas eleições presidenciais ainda não está totalmente montado. “O astral da eleição ainda está longe de se desenhar. É um mosaico bastante complicado. Temos de um lado o presidente dos programas sociais fortíssimo e, do outro, ninguém. Vejo que o que os partidos estão tentando é cravar as suas referências maiores, e acredito que isso se estenda por todo o ano”, aposta Edson Barbosa.    
A imagem dos candidatos, segundo os marqueteiros 
Dilma Rousseff 
- Conta com o apoio incondicional do presidente Lula 
- Será apresentada como personagem heróico para o eleitor, por conta de seu histórico de resistência à ditadura 
- Será a candidata da continuidade do governo do “maior presidente que o país já teve” . 
José Serra 
- Já possui uma imagem consolidada para o eleitor, o que pode ser um obstáculo: eficiente, porém frio, sem apelo popular 
- Conta com o apoio do PMDB de São Paulo e vai usar sua gestão no estado para alavancar a campanha 
- Conta com mais apoio dentro do partido do que Aécio Neves . 
Aécio Neves 
- Aposta na jovialidade e no discurso de uma gestão moderna 
- Tenta amenizar o peso do nome de José Serra no partido, chamando atenção tucana para o que seria um projeto político novo 
- Mantém boas relações com o governo federal, inclusive com o presidente Lula e a ministra Dilma  
- Pode trabalhar junto ao PMDB para desestabilizar a campanha de Serra. Já foi, inclusive, convidado a mudar de partido.