terça-feira, janeiro 29, 2008

Eleições americanas 2008: Os kennedy apóiam Obama e voltam a influenciar a política americana

Na semana passada, a filha do ex-presidente John Kennedy, Caroline Kennedy, declarou apoio a Barack Obama num artigo publicado no New York Times. Também o congressista Patrick Kennedy, sobrinho de Ted, declarou estar ao lado de Obama. Desta vez foi outro integrante da família mais poderosa da política americana que manifestou apoio à candidatura do senador de Illinois. Trata-se de ninguém menos que Ted Kennedy, um dos mais poderosos senadores americanos e herdeiro político dos clã Kennedy – “a família real americana”. Ao anunciar para uma platéia de jovens universitários seu apoio a Barack Obama, Ted Kennedy, que está no Congresso desde 1962, disse que Obama traz de volta a “esperança”.

Ao agradecer o apoio recebido, Barack Obama afirmou que esta campanha não é entre religiões, regiões do país ou entre brancos ou negros, mas entre o passado e o futuro. A decisão de Ted Kennedy é especialmente importante porque tem o potencial de produzir votos entre os liberais, trabalhadores sindicalizados e democratas hispânicos. O senador Ted Kennedy propôs uma lei de imigração que beneficia boa parte dos imigrantes ilegais. O voto dos hispânicos é muito importante na Califórnia e outros Estados da região oeste americana – Novo México, Arizona e Colorado. Uma vitória de Obama na Califórnia, em Illinois (estado que representa no Senado) e em Massachussets (família Kennedy), na chamada Super-Terça (5 de fevereiro), dificultará a vitória de Hillary Clinton nesta etapa.

É verdade que os Clinton têm forte apoio das comunidades hispânicas, principalmente em razão das políticas para os hispânicos produzidas durante o governo Bill Clinton. Além disso, Hillary Clinton ganho apoio de sindicato dos trabalhadores em agricultura, o mais influente sindicato na defesa dos trabalhadores hispânicos. Porém, Barack Obama, com o apoio dos Kennedy, tentam conquistar uma fatia desse eleitorado, principalmente os mais jovens.

O fato é que a campanha de Hillary Clinton tem acumulado notícias negativas, enquanto Barack Obama se fortalece. Ainda a senadora democrata lidera o apoio majoritário do establishment democrata, mas o candidato Obama tem obtido apoios de figuras relevantes, como Jonh Kerry e Ted Kennedy. Hillary ainda é favorita para a chamada Super-Terça, é o que demonstra as sondagens até o momento, que colocam Hillary na frente em 17 (dezessete) estados, e Obama apenas em Illinois e na Geórgia. Porém, o favoritismo de Hillary pode não se concretizar, num processo de disputa tão acirrada como tem sido as primárias democratas.

A incontestável vitória de Barack Obama na Carolina do Sul pode mudar o vento a seu favor. Além disso, Bill Clinton ao incluir a questão racial no processo eleitoral, pode ter beneficiado ainda mais o adversário de Hillary. A expectativa dos partidários de Obama é que a vitória na Carolina do Sul contribua para trazer mais apoios à candidatura. Hillary Clinton deve-se mudar a estratégia e concentrar cada vez mais sua campanha no seu ponto forte, a economia. Assim como seu marido em 1992, Hillary Clinton deve tentar ser a primeira mulher a chegar à presidência dos EUA focada em temas econômicos.

É essencial que Barack Obama conquiste a base democrata para obter a indicação democrata. O apoio de Ted Kennedy facilita essa batalha. O entusiasmo que Obama conquista o eleitorado americano ávido por mudança na política nacional se contrapõe à vantagem de Hillary na máquina democrata. O certo é que se nenhum deles obter uma vantagem considerável na Super-Terça em número de delegados, a disputa deve continuar acirrada até o fim das primárias.

No lado republicano, aguarda-se o resultado das primárias da Flórida. A expectativa é que Rudolph Giuliani saia da disputa se confirmada a derrota, bem como John Mccain avance em frente. Giuliani desprezou as primárias em estados menores na expectativa de ganhar na Flórida. Uma derrota pode retira-lo da disputa prematuramente, confirmando a tese de que é um político municipal. No caso de McCain, um especialista em segurança, tem-se apresentado com muito carisma. Mas não tem a mesma facilidade de falar da economia como seu concorrente republicano, Mitt Rommey, ex-governador de Massachussets. Se a economia for o destaque da campanha eleitoral, como prevê Hillary Clinton, John McCain pode não ser o melhor oponente. Agora, é aguardar os resultados da Flórida.

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