Patrus Ananias, publicado no site do PT em 24/10/2008
Pessoas amigas têm me procurado direta ou indiretamente através da rede da Internet perguntando qual candidato apoio na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte.Como declarei em várias oportunidades não apóio nenhum candidato nestas eleições.
Durante o processo eleitoral no primeiro turno, tornei públicas as razões da minha posição. Não obstante meu desejo e empenho em participar e contribuir para consolidar e ampliar as grandes conquistas que a população belorizontina, especialmente os pobres e trabalhadores, teve nos últimos 16 anos, fui literalmente alijado do processo juntamente com outros companheiros (as) do PT, das esquerdas, das forças democrático-populares, dos movimentos sociais, da base de apoio do governo Lula. Poderia ter sido perfeitamente possível, se houvesse vontade política, construir uma candidatura que unificasse todas essas forças, com amplas possibilidades de vitória. Prevaleceu, infelizmente, uma concepção centralizadora, autoritária de alianças:sem qualquer fundamentação programática e de compromissos sociais. Dispensou-se a militância e apostou-se numa campanha baseada inteiramente no marketing. O Partido dos Trabalhadores desapareceu no processo eleitoral de Belo Horizonte.
Muitos conhecem minha história com Belo Horizonte, cidade onde fui vereador e prefeito e que me confiou mais de 300 mil dos 520.045 votos que tive quando fui candidato a deputado federal em 2002. Há quase cinco anos à frente do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, meu compromisso com os mais de 66 milhões de pessoas pobres no Brasil não interrompe a minha relação com Belo Horizonte e Minas Gerais, apenas a repõe em outra dimensão.
Atendendo solicitação da direção nacional do PT e de integrantes do diretório estadual, dediquei-me às campanhas do PT, onde o partido pôde hastear as suas bandeiras, em várias cidades do Brasil, em especial às de Minas Gerais. Por sete finais de semana seguidos e algumas noites pude visitar 47 cidades mineiras e outras 15 em diferentes Estados do Brasil. É de alegrar o coração ver como o nosso povo, sobretudo os mais pobres, possui uma enorme identidade com as nossas causas, as causas do PT e das forças democrático-populares. É um contato revigorante que nos restaura o sentido primeiro de nossa militância: construir a paz no desenvolvimento integral das pessoas e das potencialidades da nossa gente. Ainda esta semana estarei em Juiz de Fora, Petrópolis e Contagem, levando meu apoio às companheiras e companheiros que disputam o segundo turno.
Votarei no próximo domingo, considerando atentamente e até o último momento as propostas e o comportamento de cada candidato. Não tornarei público o meu voto porque isso só faz sentido quando é pública a nossa adesão a uma candidatura. E a adesão plena só se dá no compartilhamento das idéias, dos sonhos e dos projetos em campanhas que nos mobilizam no mais fundo do coração e dos sentimentos.Infelizmente não é o caso de Belo Horizonte.
Belo Horizonte, 21 de outubro de 2008
Afetuosamente,
Patrus Ananias
Comentário do blogueiro:
Patrus Ananias é um dos raros políticos que a gente vota com prazer, aquele orgulho da simples manifestação de voto. Se estivesse em Belo Horizonte para votar amanhã, faria isso com tristeza. Deveria fazer um esforço enorme para decidir em quem votar (frise-se, não é tarefa fácil dada à conjuntura eleitoral da cidade). Em geral, não considero a opção de anular o voto, mesmo quando as candidaturas colocadas não sejam do meu agrado.
A tal convergência do governador Aécio Neves representa aquele antigo sonho da direita de eliminar a política. Não é uma convergência em torno de idéias, projetos, mas de interesses de agrupamentos políticos. Alguém (ou milhões de pessoas) não será convidado para a festa, aquele momento de repartir o bolo. Nesse sentido, a grande maioria ficará de fora, simplesmente alijada do processo político. De certa maneira, foi o que aconteceu em Belo Horizonte. As forças políticas democráticas populares que elegeram Patrus foram convidadas para ficar de fora do novo jogo de interesses que permeia a política mineira.
É isso que dá quando a política perde o sentido e as pessoas passam a simplesmente valorizar a idéia vaga de “gestão”. Esta devia ser um instrumento para operacionalizar com eficiência as escolhas políticas, mas jamais um fim em mesmo. Perde-se o referencial, e as escolhas políticas passam a importar cada vez menos. Não importa se investe em transporte público ou viadutos. Mas é claro que importa, ou será que não podemos mais dizer aos burocratas de plantão qual a cidade que queremos.
A tal convergência do governador Aécio Neves representa aquele antigo sonho da direita de eliminar a política. Não é uma convergência em torno de idéias, projetos, mas de interesses de agrupamentos políticos. Alguém (ou milhões de pessoas) não será convidado para a festa, aquele momento de repartir o bolo. Nesse sentido, a grande maioria ficará de fora, simplesmente alijada do processo político. De certa maneira, foi o que aconteceu em Belo Horizonte. As forças políticas democráticas populares que elegeram Patrus foram convidadas para ficar de fora do novo jogo de interesses que permeia a política mineira.
É isso que dá quando a política perde o sentido e as pessoas passam a simplesmente valorizar a idéia vaga de “gestão”. Esta devia ser um instrumento para operacionalizar com eficiência as escolhas políticas, mas jamais um fim em mesmo. Perde-se o referencial, e as escolhas políticas passam a importar cada vez menos. Não importa se investe em transporte público ou viadutos. Mas é claro que importa, ou será que não podemos mais dizer aos burocratas de plantão qual a cidade que queremos.
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