Imperdível a série de denúncias do jornalista Luis Nassif contra a revista Veja. Este blog presta seu apoio à corajosa luta de Nassif para mostrar o tipo de jornalismo praticado pela revista. A podridão do jornalismo praticado pela Veja está exposta numa série de artigos disponibilizados na internet pelo Nassif em seu blog e no site googlepages. São negociatas, ataques desqualificadores contra todos que atravessam à sua frente, guerras comerciais como a “batalha das cervejas”. O mais puro esgoto jornalístico.
Os artigos publicados pelo Nassif oferecem o “modus operandi” da revista Veja. Luis Nassif dissecou parte da sujeira encoberta na teia de interesses por trás de grandes reportagens. Conforme destacou Rafael Galvão em seu blog, o que Nassif denuncia seria comum em todos os jornais e revistas espalhados pelo país. Para ele, o jornalzinho do interior faz algumas matérias batendo no prefeito para ganhar anúncios e calar a boca; segundo ele, há alguns anos a Globo se sentiu ameaçada por uma incursão da Legião da Boa Vontade, aquela do Paiva Netto, no mercado educacional; o resultado foi uma série de matérias denunciando irregularidades da entidade. São apenas alguns exemplos.
Em reação às denúncias de Nassif, a revista Veja entrou com ações na Justiça contra o jornalista. A revista não refutou nenhuma denúncia sequer. Apenas quer usar a Justiça como instrumento para retardar ou dificultar a publicação das denúncias. É um direito da revista procurar a Justiça por sentir prejudicada. Porém, sempre que a imprensa faz uma denúncia vazia e alguém entra na Justiça, é logo acusado por toda ela, sem defecções, de querer calar a imprensa ou de ato contra a sua liberdade. Dessa vez, nenhum veículo de comunicação ou grande jornal em circulação saiu em defesa da liberdade jornalística do Nassif. Dois pesos e duas medidas. Sempre assim.
O curioso é que a grande imprensa silenciou sobre as denúncias. É o assunto do momento, em todas as redações, nas páginas da web, mas não saiu uma linha sequer nos grandes jornais. Cadê o direito dos leitores desses jornalões à informação? Por que se calam? Papelão esse que nossa imprensa se presta. Sonegam informação a seus leitores. Como no caso dos cartões corporativos, se depender da grande imprensa, o déficit de informação será gigantesco.
São denúncias gravíssimas. Colocam em xeque a credibilidade da maior revista semanal do país. Não é apenas uma briga política na blogosfera – a pretensa guerra política na blogosfera não existe -, como sugere o texto publicado pelo Observatório da Imprensa. Os blogueiros têm opiniões divergentes, muitas vezes radicalmente opostas, mas é normal. Estranho seria se os blogueiros acompanhassem a grande mídia e acabassem com a diversidade.
A verdade é que não há transparência em nossa imprensa. Se não fosse a pressão da blogosfera, ninguém tinha conhecimento dos abusos praticados com os cartões de Serra. E mesmo assim, sem maiores explicações, a imprensa num passe de mágica sumiu com as matérias. Deram espaço para as explicações do governo paulista sem submetê-lo ao contraditório. Fez uma cobertura partidária de um problema de gestão. Alguém pode dizer que o problema é ético. E daí? Vale a mesma coisa. Os interesses políticos e empresariais por trás da linha editorial dos jornais estão distantes de seus leitores.
Impacientes com a blogosfera, a Folha classificou os blogs de política de “engajados”. É uma tentativa rasteira de desqualificá-los. É público e notório que os blogs trazem mais diversidade à informação política. Trata-se de um espaço bem mais democrático para a discussão política que o ambiente dos jornais. Desqualificá-los simplesmente é pura intransigência ou intolerância à diversidade de opiniões. Não aceitam a crítica. Como disse em outro post, não posso exigir neutralidade da imprensa, mas reservo-me o direito de não gostar de seu trabalho. A divergência não é monopólio da grande imprensa. Até mesmo porque há sempre solidariedade entre eles. Na batalha envolvendo Nassif e a Veja, a solidariedade é total.
Os fãs da revista estão raivosos. Dizem que no governo Lula surgiu uma onda anti-Veja. Nassif estaria defendendo os interesses do governo contra uma revista que denuncia seus abusos. É um tipo de defesa que não suporta uma crítica mais consistente. Não respondem às denúncias do Nassif. Se as denúncias são verdadeiras, Nassif faz um bom jornalismo. Se elas são falsas, onde estariam as evidências. Será que uma revista que usa dos expedientes denunciados é uma boa revista? Quer dizer que vale tudo para atingir o governo? Uma coisa é ser contra o governo, outra coisa é defender o jornalismo mercantil da revista Veja.
Dias atrás o blog “O biscoito fino e a massa” comentou sobre “a decadência da Fox” na cobertura eleitoral americana. A comparação da Veja com a Fox deveu-se ao extremismo de ultra-direita da Fox, como se isso representasse o centro do espectro político americano. A queda da Fox na importância da cobertura política daquele país é um bom sinal. Para os fãs da revista Veja, deveriam prestar muita atenção. O sinal vermelho ascendeu. Se a moda pega, quem sabe jornalismo direitista (e udenista) comece a perder importância aqui nos trópicos.
Na eleição de 2006, Lula foi reeleito apesar da mídia. Houve uma campanha forte contra sua candidatura, mas não foi suficiente para sua derrota. Na época, comentava-se que a mídia tinha perdido capacidade de influenciar as eleições. É óbvio que ela ainda influencia e muito. Na verdade, a mídia perdeu a vergonha de ficar contra o povo. Essa talvez seja a razão para que o povo preferisse ficar do outro lado. Não seguiram sua cartilha. Quem sabe a decadência de Fox já esteja acontecendo por aqui, mas a ausência de diversidade na imprensa impeça de aparecer tal fenômeno. É só uma hipótese.
Os artigos publicados pelo Nassif oferecem o “modus operandi” da revista Veja. Luis Nassif dissecou parte da sujeira encoberta na teia de interesses por trás de grandes reportagens. Conforme destacou Rafael Galvão em seu blog, o que Nassif denuncia seria comum em todos os jornais e revistas espalhados pelo país. Para ele, o jornalzinho do interior faz algumas matérias batendo no prefeito para ganhar anúncios e calar a boca; segundo ele, há alguns anos a Globo se sentiu ameaçada por uma incursão da Legião da Boa Vontade, aquela do Paiva Netto, no mercado educacional; o resultado foi uma série de matérias denunciando irregularidades da entidade. São apenas alguns exemplos.
Em reação às denúncias de Nassif, a revista Veja entrou com ações na Justiça contra o jornalista. A revista não refutou nenhuma denúncia sequer. Apenas quer usar a Justiça como instrumento para retardar ou dificultar a publicação das denúncias. É um direito da revista procurar a Justiça por sentir prejudicada. Porém, sempre que a imprensa faz uma denúncia vazia e alguém entra na Justiça, é logo acusado por toda ela, sem defecções, de querer calar a imprensa ou de ato contra a sua liberdade. Dessa vez, nenhum veículo de comunicação ou grande jornal em circulação saiu em defesa da liberdade jornalística do Nassif. Dois pesos e duas medidas. Sempre assim.
O curioso é que a grande imprensa silenciou sobre as denúncias. É o assunto do momento, em todas as redações, nas páginas da web, mas não saiu uma linha sequer nos grandes jornais. Cadê o direito dos leitores desses jornalões à informação? Por que se calam? Papelão esse que nossa imprensa se presta. Sonegam informação a seus leitores. Como no caso dos cartões corporativos, se depender da grande imprensa, o déficit de informação será gigantesco.
São denúncias gravíssimas. Colocam em xeque a credibilidade da maior revista semanal do país. Não é apenas uma briga política na blogosfera – a pretensa guerra política na blogosfera não existe -, como sugere o texto publicado pelo Observatório da Imprensa. Os blogueiros têm opiniões divergentes, muitas vezes radicalmente opostas, mas é normal. Estranho seria se os blogueiros acompanhassem a grande mídia e acabassem com a diversidade.
A verdade é que não há transparência em nossa imprensa. Se não fosse a pressão da blogosfera, ninguém tinha conhecimento dos abusos praticados com os cartões de Serra. E mesmo assim, sem maiores explicações, a imprensa num passe de mágica sumiu com as matérias. Deram espaço para as explicações do governo paulista sem submetê-lo ao contraditório. Fez uma cobertura partidária de um problema de gestão. Alguém pode dizer que o problema é ético. E daí? Vale a mesma coisa. Os interesses políticos e empresariais por trás da linha editorial dos jornais estão distantes de seus leitores.
Impacientes com a blogosfera, a Folha classificou os blogs de política de “engajados”. É uma tentativa rasteira de desqualificá-los. É público e notório que os blogs trazem mais diversidade à informação política. Trata-se de um espaço bem mais democrático para a discussão política que o ambiente dos jornais. Desqualificá-los simplesmente é pura intransigência ou intolerância à diversidade de opiniões. Não aceitam a crítica. Como disse em outro post, não posso exigir neutralidade da imprensa, mas reservo-me o direito de não gostar de seu trabalho. A divergência não é monopólio da grande imprensa. Até mesmo porque há sempre solidariedade entre eles. Na batalha envolvendo Nassif e a Veja, a solidariedade é total.
Os fãs da revista estão raivosos. Dizem que no governo Lula surgiu uma onda anti-Veja. Nassif estaria defendendo os interesses do governo contra uma revista que denuncia seus abusos. É um tipo de defesa que não suporta uma crítica mais consistente. Não respondem às denúncias do Nassif. Se as denúncias são verdadeiras, Nassif faz um bom jornalismo. Se elas são falsas, onde estariam as evidências. Será que uma revista que usa dos expedientes denunciados é uma boa revista? Quer dizer que vale tudo para atingir o governo? Uma coisa é ser contra o governo, outra coisa é defender o jornalismo mercantil da revista Veja.
Dias atrás o blog “O biscoito fino e a massa” comentou sobre “a decadência da Fox” na cobertura eleitoral americana. A comparação da Veja com a Fox deveu-se ao extremismo de ultra-direita da Fox, como se isso representasse o centro do espectro político americano. A queda da Fox na importância da cobertura política daquele país é um bom sinal. Para os fãs da revista Veja, deveriam prestar muita atenção. O sinal vermelho ascendeu. Se a moda pega, quem sabe jornalismo direitista (e udenista) comece a perder importância aqui nos trópicos.
Na eleição de 2006, Lula foi reeleito apesar da mídia. Houve uma campanha forte contra sua candidatura, mas não foi suficiente para sua derrota. Na época, comentava-se que a mídia tinha perdido capacidade de influenciar as eleições. É óbvio que ela ainda influencia e muito. Na verdade, a mídia perdeu a vergonha de ficar contra o povo. Essa talvez seja a razão para que o povo preferisse ficar do outro lado. Não seguiram sua cartilha. Quem sabe a decadência de Fox já esteja acontecendo por aqui, mas a ausência de diversidade na imprensa impeça de aparecer tal fenômeno. É só uma hipótese.
2 comentários:
Jefferson,
Não gosto de ficar elogiando as pessoas, porque me parece bajulação. Mas, vc é dos melhores analistas de políticas que já vi.
Bruno
Jefferson, é ao mesmo tempo deprimente e alentador ver o que acontece com a Veja. Deprimente por razões óbvias: o jornalismo praticado ali cada vez mais se parece com uma mistura do Pravda (no quesito imparcialidade) com o velho Luta Democrática (no quesito equilíbrio de pautas e textos). Alentador porque fica claro que o que o semanário publica já não é mais engolido acriticamente pela dita opinião pública. A grita do Nassif terá um papel histórico para o jornalismo brasileiro.
Postar um comentário