"Texto publicado no Observatório da Imprensa sobre a batalha entre Luis Nassif e a revista Veja. Este blog é solidário com o jornalista Nassif e sua corajosa luta contra o mau jornalismo praticado pela revista". Confiram abaixo.
Caso Nassif-Veja
O confronto entre o jornalista Luis Nassif e a revista Veja ganhou ares de primeira grande batalha política a ser travada no mundo dos blogs brasileiros. Noutras partes do mundo, as grandes polêmicas online já deixaram de ser uma novidade e se incorporaram à rotina política.
Nassif começou a publicar no blog Projeto Brasil, início deste ano, uma série de textos sobre o papel de revista Veja em episódios políticos recentes na história do país, especialmente durante os governos FHC e Lula. Você pode acessar a série aqui no Observatório. Nassif também publica os textos no GooglePages, no que provavelmente será o embrião de um livro.
Na verdade, a série é o mais recente episódio de uma polêmica pública, iniciada há pelo menos um ano e protagonizada, na primeira linha de tiro, pelos blogs dos colunistas Diogo Mainardi (blog com áudio) e Reinaldo Azevedo, ambos da Veja, e os também jornalistas Paulo Henrique Amorim, do blog Conversa Afiada, e o próprio Nassif.
O debate, num clima com temperatura em elevação, envolve questões político-partidárias (articulações voltadas para as eleições de 2010) e econômico-financeiras (disputa corporativa pelo controle das telecomunicações).
Como é normal neste tipo de controvérsia, ambos os lados estão sendo municiados com informações fornecidas por partes interessadas, o que deve garantir uma vida longa para a polêmica, porque o setor das telecomunicações neste país é um manancial quase inesgotável de negociatas de todos os tipos.
O episódio coloca, no entanto, em evidência o papel da internet — e em especial dos blogs — como arma política. Nos Estados Unidos isto já vem acontecendo desde 2006, tendo como principais protagonistas os blogs Instapundit (conservador) e DailyKos (liberal). Há vários outros mais ou menos radicais, mas os dois mencionados são os mais visitados e servem de referência em seus respectivos campos.
A politização na blogosfera norte-americana já invadiu também o popularíssimo site de vídeos YouTube, sem falar nos sites de relacionamento, em especial os voltados especificamente para o terreno político como o MoveOn e o MeetUp, os mais conhecidos.
O uso político da Web era inevitável porque se trata do veículo de comunicação potencialmente mais democrático entre todos os já desenvolvidos pelo homem, apesar de menos de 16% da população mundial ter acesso à rede.
Na Web, os blogs ocupam um lugar especial na comunicação política porque são uma ferramenta fácil e rápida para manifestar opiniões políticas. Hoje já são quase 80 milhões de blogs no mundo inteiro, dos quais cerca de 30% tratam de temas políticos, de atualidade informativa e de opiniões.
A polêmica Nassif/Veja sinaliza também uma outra questão relevante: a diluição das fronteiras entre o jornalismo e o ativismo. Os protagonistas deste episódio não são os primeiros e muito menos os últimos a mover-se neste terreno difuso, que tende a se tornar ainda mais nebuloso na medida em que a contextualização das informações revela a complexidade de fenômenos e processos em curso.
Está cada dia mais difícil fazer a separação entre fato e opinião. Não porque faltem fatos, mas sim porque eles já não podem mais ser vistos por uma ótica dicotômica, ou seja, certo ou errado, bom ou mau.
Isto afeta intensamente a atividade jornalística, pois a profissão é regida até hoje por códigos e valores criados nos anos 1920 e 30, quando surgiu, nos Estados Unidos, a grande reação contra a chamada imprensa marrom, que fazia abertamente o jogo dos poderosos da época.
O conceito de profissionalização foi a grande ferramenta dos jornalistas para lograr uma razoável autonomia das redações em relação aos interesses patronais. Hoje, porém, a inovação tecnológica está provocando uma nova reviravolta no ambiente jornalístico.
Conceitos como isenção e independência perdem gradualmente a sua importância diante da dificuldade em poder defini-los em termos práticos por causa da crescente complexidade informativa. Portanto fica também difícil separar fato e opinião, coisa com a qual teremos que nos acostumar cada vez mais.
São tempos de transição, onde nada ainda é definitivo, mas uma coisa parece mais provável: a importância crescente da transparência como valor e ferramenta para identificar interesses, beneficiados e prejudicados.
A exigência de transparência pode ser o único recurso a disposição do público para acompanhar o debate Nassif/Veja sem o risco de perder-se no emaranhado de denúncias publicadas por ambos lados.
Na verdade, a série é o mais recente episódio de uma polêmica pública, iniciada há pelo menos um ano e protagonizada, na primeira linha de tiro, pelos blogs dos colunistas Diogo Mainardi (blog com áudio) e Reinaldo Azevedo, ambos da Veja, e os também jornalistas Paulo Henrique Amorim, do blog Conversa Afiada, e o próprio Nassif.
O debate, num clima com temperatura em elevação, envolve questões político-partidárias (articulações voltadas para as eleições de 2010) e econômico-financeiras (disputa corporativa pelo controle das telecomunicações).
Como é normal neste tipo de controvérsia, ambos os lados estão sendo municiados com informações fornecidas por partes interessadas, o que deve garantir uma vida longa para a polêmica, porque o setor das telecomunicações neste país é um manancial quase inesgotável de negociatas de todos os tipos.
O episódio coloca, no entanto, em evidência o papel da internet — e em especial dos blogs — como arma política. Nos Estados Unidos isto já vem acontecendo desde 2006, tendo como principais protagonistas os blogs Instapundit (conservador) e DailyKos (liberal). Há vários outros mais ou menos radicais, mas os dois mencionados são os mais visitados e servem de referência em seus respectivos campos.
A politização na blogosfera norte-americana já invadiu também o popularíssimo site de vídeos YouTube, sem falar nos sites de relacionamento, em especial os voltados especificamente para o terreno político como o MoveOn e o MeetUp, os mais conhecidos.
O uso político da Web era inevitável porque se trata do veículo de comunicação potencialmente mais democrático entre todos os já desenvolvidos pelo homem, apesar de menos de 16% da população mundial ter acesso à rede.
Na Web, os blogs ocupam um lugar especial na comunicação política porque são uma ferramenta fácil e rápida para manifestar opiniões políticas. Hoje já são quase 80 milhões de blogs no mundo inteiro, dos quais cerca de 30% tratam de temas políticos, de atualidade informativa e de opiniões.
A polêmica Nassif/Veja sinaliza também uma outra questão relevante: a diluição das fronteiras entre o jornalismo e o ativismo. Os protagonistas deste episódio não são os primeiros e muito menos os últimos a mover-se neste terreno difuso, que tende a se tornar ainda mais nebuloso na medida em que a contextualização das informações revela a complexidade de fenômenos e processos em curso.
Está cada dia mais difícil fazer a separação entre fato e opinião. Não porque faltem fatos, mas sim porque eles já não podem mais ser vistos por uma ótica dicotômica, ou seja, certo ou errado, bom ou mau.
Isto afeta intensamente a atividade jornalística, pois a profissão é regida até hoje por códigos e valores criados nos anos 1920 e 30, quando surgiu, nos Estados Unidos, a grande reação contra a chamada imprensa marrom, que fazia abertamente o jogo dos poderosos da época.
O conceito de profissionalização foi a grande ferramenta dos jornalistas para lograr uma razoável autonomia das redações em relação aos interesses patronais. Hoje, porém, a inovação tecnológica está provocando uma nova reviravolta no ambiente jornalístico.
Conceitos como isenção e independência perdem gradualmente a sua importância diante da dificuldade em poder defini-los em termos práticos por causa da crescente complexidade informativa. Portanto fica também difícil separar fato e opinião, coisa com a qual teremos que nos acostumar cada vez mais.
São tempos de transição, onde nada ainda é definitivo, mas uma coisa parece mais provável: a importância crescente da transparência como valor e ferramenta para identificar interesses, beneficiados e prejudicados.
A exigência de transparência pode ser o único recurso a disposição do público para acompanhar o debate Nassif/Veja sem o risco de perder-se no emaranhado de denúncias publicadas por ambos lados.
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