sexta-feira, dezembro 26, 2008

Boas festas e um feliz 2009

Agradeço aos leitores desse blog trazendo meus votos de um feliz 2009. Quero aproveitar para desculpar das ausências, de não ter conseguido manter ao longo do ano uma atualizaçao mais constante do blog. Espero a compreensão de vocês. A promessa para 2009 é tentar fazer um blog mais provocativo no bom sentido, interragindo com as discussões da pauta política.
Um forte abraço a todos.
Jefferson Milton Marinho

O discurso da oposição para 2010 e as pré-candidaturas de Serra e Aécio

A oposição baseada no discurso de quanto pior melhor tem tudo para não emplacar, pois a população é esclarecida o suficiente para entender que a crise não é responsabilidade do governo Lula. As medidas que o governo vem tomando podem não debelar os efeitos da crise sobre o Brasil, mas é do reconhecimento da maioria que elas estão na direção correta. Ou seja, o governo está cumprindo seu papel de governar, fazendo aquilo que está ao seu alcance. A economia provavelmente não conseguirá sustentar o ritmo atual de crescimento, mas nada catastrófico. Na crise atual, o país tem tudo para sair dela mais fortalecido no cenário econômico mundial. Não adianta pensar que a população colocará a culpa no governo Lula, pois sabe que não é o culpado. Para vencer as eleições de 2010, não basta para a oposição a torcida do quanto pior melhor. O eleitor vota em liderança não em algozes. Se a oposição não for capaz de convencer o eleitor que pode conduzir o país melhor que um candidato de continuidade (governista) pode acabar morrendo na praia. Um escorregão da oposição pode consagrar o triunfo lulista.

Os operadores políticos dos principais postulantes oposicionistas (Serra e Aécio) já entenderam o sinal, e dificilmente embarcarão no discurso tosco do aprofundamento da crise buscando colá-la no governo Lula. A tendência é pouparem o governo Lula, que seguirá popular, apostando num discurso em direção ao futuro, pois o passado recente não é bom para a oposição política. O discurso pós-Lula de Aécio e a incessante tentativa de Serra de mostrar-se próximo a Lula em temas importantes é prova de que os únicos políticos da oposição com chances de chegar ao Planalto preferem aproximação com o eleitorado lulista que bater de frente com um presidente popular. Não é por acaso que são líderes da oposição. Afinal, uma dose de inteligência política nunca é demais.

Mas a batalha travada nos bastidores entre os dois postulantes do PSDB é emocionante. Aécio aposta na sua habilidade de seduzir políticos das mais diferentes matizes, o que inclui um bom trânsito com partidos que hoje estão abrigados no consórcio governista. Todavia, Serra conquistou de vez os aliados tradicionais do seu partido, a saber, DEM e PPS. Assim como Aécio transita bem dentro do PMDB, e também faz assédio ao PV. Aécio, por outro lado, fala em ampliação da base de apoio ao governo, incluindo partidos que sempre caminharam no campo governista como PSB e PDT, e uma possível aproximação com o PT num futuro governo. É a famosa convergência política.

A idéia de convergência é antiga entre os mineiros, que preferem a composição à disputa política. De fato, não há nada de novo não tão propagada tese de convergência de Aécio, pois o sonho mineiro sempre embutiu a eliminação da competição política (nem precisa retomar a eleição de Belo Horizonte).Uma política sem ideais ou ideologias. O choque de gestão tucano não deixa de ser a perseguição desse sonho antigo, em que as elites tomam as decisões com critérios supostamente técnicos. Aquilo que deveria representar um meio (critérios técnicos) passa ser um fim em si mesmo. Não importa as escolhas, as opções da política, tudo fica escamoteado no discurso tecnicista. O problema da política se resume à escolha dos meios, de uma solução técnica, sem qualquer relação com seus fins.

A tese de Aécio pode representar uma grande inovação política, mas pode esconder a fraqueza de sua candidatura dentro do seu próprio partido. O governador mineiro ao ver que seu adversário no partido ocupou os espaços nos tradicionais aliados busca trazer novos aliados para contrabalançar o jogo não muito favorável. O discurso é que os tradicionais aliados caminharão juntos com qualquer candidato que o partido escolher. É uma hipótese tão verdadeira que soa como falsidade. A verdade é que Serra tem o total controle de seus aliados dentro e fora do partido, já Aécio não controla o seu destino (nem dentro e muito menos fora do partido). A dificuldade de Aécio com o PMDB mineiro, apesar dos insistentes pronunciamentos em contrário, é mostra de quão complexa é sua empreitada. A boa relação de Aécio com o PSB, por exemplo, não garante apoio deste partido a uma eventual candidatura. Afinal, na hora da onça beber água o que vale são interesses regionais (toda política é local), ou seja, manter nas mãos do PSB os governos de Pernambuco e Ceará (com ajuda preciosa do PT). E não é só.

Serra procura dinamitar a candidatura Aécio com três pilares: (i) é o candidato mais bem colocado nas pesquisas; (ii) a chapa puro-sangue do PSDB, isto é, Serra presidente e Aécio vice; e (ii) o fim da reeleição. E ainda tem gente que diz que política tem fila, e Aécio está numa posição atrás na fila presidencial. O PSDB perdeu as eleições de 2006 e ficou aquela impressão de que não escolheu o melhor candidato. Aécio diz que não basta ter melhor colocação nas pesquisas, porque elas refletem apenas um retrato momentâneo, mas também a capacidade de aglutinar apoios políticos. O candidato Aécio pode ter razão, mas terá que comprovar que tem melhores condições de reunir uma candidatura mais ampla. Até o momento esse candidato é Serra, pois ele unificou a oposição política em torno de sua candidatura, enquanto Aécio tem apenas uma boa tese política, a chamada convergência.

A chapa puro-sangue e o fim da reeleição trazem a idéia de fila na política, com Serra numa posição na frente nessa fila presidencial. Na primeira, os aliados de Serra, principalmente o DEM, abrem mão da vice-presidência para Aécio, com o intuito de unificar as forças políticas e obterem mais condições de trocar de lado com o consórcio governista, ou seja, retomar o poder. É aquilo que Aécio chama de desprendimento, mas dessa vez contra sua candidatura. No caso da reeleição, Serra abre mão de novo mandato, sob a promessa de que Aécio será o candidato em seguida, algo que só mais adiante poderá ter-se certeza de sua eventual candidatura. É o PSDB novamente trazendo uma candidatura para 10 anos de poder. É um filme antigo que nem sempre termina bem (lembrar-se da previsão de Sérgio Motta de 20 anos de poder para o partido). O risco político de Aécio é alto (só é menor que embarcar no PMDB).

Aécio tem total noção do tamanho de sua empreitada. Ela é complexa, difícil, mas não quer dizer impossível. Não se pode subestimar o talento político do governador mineiro. Este aposta nas prévias, ou seja, tenta fazer com que a escolha do candidato seja de forma mais ampla e democrática, por meio do mecanismo de prévias partidárias. Não aceita que o candidato seja ungido apenas pelos caciques partidários. É até cômico falar de ampliação da democracia partidária quando se trata de Aécio. Ele fez parte do trio (Aécio, FHC e Tasso Jeressaiti) que reuniu num restaurante em São Paulo para escolher o candidato do partido para 2006. Nas eleições de Minas, junto com o prefeito petista Fernando Pimentel, escolheu o próximo prefeito de Belo Horizonte num verdadeiro dedaço. Em suma, Aécio representa o caciquismo partidário, as decisões tomadas de cima para baixo. É uma forma legítima de fazer política, embora pouca democrática.

Como os ventos da política mudam, Aécio precisa das prévias partidárias para forçar a disputa interna dentro do PSDB, o que aumenta suas chances, bem como fornece uma justificativa política aos mineiros para o caso de não sair candidato. Ou seja, ele pode perder a indicação do partido, mas não aceita ser atropelado por uma decisão dos caciques partidários. Pimenta nos olhos dos outros é refresco. Obviamente, Aécio não quer provar do próprio veneno.

segunda-feira, novembro 24, 2008

A Crise da Extrema Esquerda

Os resultados das eleições municipais vieram corroborar o que o cenário político nacional já permitia ver: o esgotamento do impulso da extrema esquerda, que tinha sido relançada no começo do governo Lula. A votação em torno de 1% de dois dos seus três parlamentares, candidatos a prefeito em São Paulo e no Rio de Janeiro, com votações significativamente menores do que as que tiveram como candidatos a deputados, sem falar na diferença colossal em relação à candidata à presidência, apenas dois anos antes – são a expressão eleitoral, quantitativa, que se estendeu por praticamente todo o país, do esgotamento prematuro de um projeto que se iniciou com uma lógica clara, mas esbarrou cedo em limitações que o levam a um beco difícil, se não houver mudança de rota.

A Carta aos Brasileiros, anunciando que o novo governo não iria romper nenhum compromisso – nesse caso, com o capital financeiro, para bloquear o ataque especulativo, medido pelo "risco Lula" -, a nomeação de Meirelles para o Banco Central e a reforma da previdência como primeira do governo – desenharam o quadro de decepção com o governo Lula, que levaria à saída do PT de setores de esquerda. A orientação assumida pelo governo inicialmente, em que a presença hegemônica de Palocci fazia primar os elementos de continuidade com o governo FHC sobre os de mudança – estes recluídos basicamente na política externa diferenciada e em setores localizados – e a reiteração de um governo estritamente neoliberal davam uma imagem de um governo que era considerado pelos que abandonavam o PT, como irreversivelmente perdido para a esquerda.
O dilema para a esquerda era seguir a luta por um governo anti-neoliberal dentro do PT e do governo ou sair para reagrupar forças e projetar a formação de uma nova agrupação. Naquele momento se cogitou a constituição de um núcleo socialista, dos que permaneciam e dos que saíam do PT, para discutir amplamente os rumos a tomar. Não apenas cabia uma força à esquerda do PT, como se poderia prever que ela seria engrossada por setores amplos, caso a orientação inicial do governo se mantivesse.

Dois fatores vieram a alterar esse quadro. O primeiro, a precipitação na fundação de um novo partido – o Psol -, com o primeiro grupo que saiu do PT – em particular a tendência morenista – passando a controlar as estruturas da nova agremiação. Isto não apenas estreitou organizativamente o novo partido, como o levou a posições de ultra-esquerda, responsáveis pelo seu isolamento e sectarização. A candidatura presidencial nas eleições de 2006 agregou um outro elemento ao sectarismo, que já levaria a uma posição de eqüidistância em relação ao governo Lula. O raciocínio predominante foi o de que o governo era o melhor administrador do neoliberalismo, porque além de mantê-lo e consolidá-lo, o fazia dividindo e confundindo a esquerda, neutralizando a amplos setores do movimento de massas. Portanto deveria ser derrotado e destruído, para que uma verdadeira esquerda pudesse surgir. O governo Lula e o PT passaram a ser os inimigos fundamentais da nova agrupação.

Esse elemento favoreceu a aliança – já desenhada no Parlamento, mas consolidada na campanha eleitoral – com a direita – tanto com o bloco tucano-pefelista, como com a mídia oligárquica -, na oposição ao governo e à reeleição de Lula. A projeção midiática benevolente da imagem da candidata do Psol lhe permitia ter mais votos do que os do seu partido, mas comprometia a imagem do partido com uma campanha despolitizada e oportunista, em que a caracterização do governo Lula não se diferenciava daquela feita na campanha do "mensalão". Como se poderia esperar, apesar de algumas resistências, a posição no segundo turno foi a do voto nulo, isto é, daria igual para o novo partido a vitória do neoliberal duro e puro Alckmin ou de Lula. (Se tornava linha nacional oficial o que já se havia dado nas primeiras eleições em que o Psol participou, as municipais, em que, por exemplo, em Porto Alegre, diante de Raul Pont e Fogaça, no segundo turno, se afirmou que se tratava da nova direita contra a velha direita e se decidiu pelo voto nulo.)

Uma combinação entre sectarismo e oportunismo foi responsável pelo comprometimento da orientação política do novo partido, que o levou a perder a possibilidade de formação de um partido à esquerda do PT, que se aliasse a este nos pontos comuns e lutasse contra nos temas de divergência. O sectarismo levou a que sindicatos saíssem da CUT, sem conseguir se agrupar com outros, enfraquecendo a esquerda da CUT e se dispersando no isolamento. Levou a que os parlamentares do Psol votassem contra o governo em tudo – até mesmo na CPMF – e não apoiassem as políticas corretas do governo – como a política internacional, entre outras. Esta se dá porque o governo brasileiro tem estreita política de alianças com as principais lideranças de esquerda no continente – como as de Cuba, Venezuela, Equador, Bolívia -, que apóiam o governo Lula, o que desloca completamente posições de ultra-esquerda – que se reproduzem de forma similar a dessa corrente no Brasil nesses países -, deixando de atuar numa dimensão fundamental para a esquerda – a integração continental.

Por outro, o governo Lula passou a outra etapa, com a saída de vários de seus ministros, principalmente Palocci, conseguindo retomar um ciclo expansivo da economia e desenvolvendo efetivas políticas de distribuição de renda, ao mesmo tempo que recolocava o tema do desenvolvimento como central – deslocando o da estabilidade, central para o governo FHC -, avançando na recomposição do aparelho do Estado, melhorando substancialmente o nível do emprego formal, diminuindo o desemprego, entre outros aspetos. A caracterização do governo Lula como expressão consolidada do neoliberalismo, um governo cada vez mais afundado no neoliberalismo – reedição de FHC, de Menem, de Carlos Andrés Perez, de Fujimori, de Sanchez de Losada – se chocava com a realidade.

Economistas da extrema esquerda continuaram brigando com a realidade, anunciando catástrofes iminentes, capitulações de toda ordem, tentando resgatar sua equivocada previsão sobre os destinos irreversíveis do governo, tentando reduzir o governo Lula a uma simples continuação do governo FHC, reduzindo as políticas sociais a "assistencialismo", mas foram sistematicamente desmentidos pela realidade, que levou ao isolamento total dos que pregam essas posições desencontradas com a realidade.

O isolamento dessas posições se refletiu no resultado eleitoral, em que todas as correntes de ultra-esquerda ficaram relegadas à intranscendência política, revelando como estão afastadas da realidade, do sentimento geral do povo, dos problemas que enfrenta o Brasil e a América Latina. As políticas sociais respondem em grande parte pelos 80% de apoio do governo,rejeitado por apenas 8%. Para a direita basta a afirmação do "asisistencialismo" do governo e da desqualificação do povo, que se deixaria corromper por "alguns centavos", mas a esquerda não pode comprá-la, por reacionária e discriminatória contra os pobres.

Confirmação desse isolamento e de perda de sensibilidade e contato com a realidade é que não se vê nenhum tipo de balanço autocrítico, sequer constatação de derrota da parte da extrema esquerda. Se afirma que se fizeram boas campanhas, não importando os resultados, como se se tratassem de pastores religiosos que pregam no deserto, com a consciência de que representam uma palavra divina, que ainda não foi compreendida pelo povo. (Marx dizia que a pequena burguesia sofre derrotas acachapantes, mas não se autocrítica, não coloca em questão sua orientação, acredita apenas que o povo ainda não está maduro para sua posições, definidas essencialmente como corretas, porque corresponderiam a textos sagrados da teoria.)

Não fazer um balanço das derrotas, não se dar conta do isolamento em que se encontram, da aliança tácita com a direita e das transformações do governo Lula – junto com as da própria realidade econômica e social do país –, da constatação do caráter contraditório do governo Lula, que não deveria ser se inimigo fundamental revelariam a perda de sensibilidade política, o que poderia significar um caminho sem volta para a extrema esquerda. Seria uma pena, porque a esquerda brasileira precisa de uma força mais radical, que se alie ao PT nas coincidências e lute nas divergências, compondo um quadro mais amplo e representativo, combinando aliança a autonomia, que faria bem à esquerda e ao Brasil.

Emir Sader é sociólogo e professor.

Publicado originalmente no Blog do Emir

sábado, novembro 15, 2008

Fusão com o PSDB é saída para evitar a extinção eleitoral do PPS

O PSDB pode dar mais um passo para a direita do espectro político. O PPS estuda uma fusão com o PSDB para evitar o seu desaparecimento. Na verdade, trata-se de anexação do PPS ao PSDB. Como o antigo partidão está à direita do PSDB, a fusão é mais uma guinada à direita do tucanato. Tudo negociado entre o líder do partido na Câmara, o presidente do PSDB e o governador José Serra. E com as bênçãos de Roberto Freire.
A cada eleição, o PPS fica mais nanico. O risco é que o partido acabe em extinção. Suas lideranças gostam de atribuir ao assédio governista sua fraqueza eleitoral, mas a explicação é bastante simplória. O buraco é mais fundo. O presidente do PPS, Roberto Freire, é um frustrado. Um político sem votos que comanda o partido como se fosse sua propriedade. Lembra muito Brizola no comando do PDT. Mas Brizola tinha história, uma liderança carismática, seguidores e uma grande base social. Nesse sentido, Freire nem nos sonhos mais longínquos chega perto de Brizola ou de qualquer outro grande político nacional. Aliás, Roberto Freire é um político menor. Só ele pensa que tem relevância política.
O problema dos frustrados é quererem fazer da política uma arena para desafogar suas frustrações. O caminho de Roberto Freire e de seu partido acabou sendo a radicalização política em direção à direita do espectro político. Acontece que esse espaço já foi ocupado pelo DEM, outro partido que ultimamente não tem muito a comemorar em termos eleitorais. Além disso, o PPS tornou-se uma sub-legenda ou partido de aluguel para servir aos interesses do DEM e do PSDB. O resultado é o contínuo fracasso eleitoral. Nas últimas eleições municipais, o PPS foi o partido que mais reduziu de tamanho, perdendo praticamente 60% das prefeituras conquistadas em 2004. Nessa situação, é natural que os parlamentares do partido fiquem preocupados com sua reeleição em 2010. Uma saída óbvia é ser anexado ao PSDB, pelo menos assim deixa de ser sub-legenda daquele partido.
A anexação do PPS fortalece a batalha de Serra contra seu rival no partido Aécio Neves. A proximidade de José Serra com lideranças do PSDB é notória. Se for confirmada a fusão entre os dois partidos (ou melhor, adesão do PPS ao PSDB), Aécio Neves tem mais um revés na sua pretensão de ser candidato do partido em 2010. De fato, não está mesmo fácil para Aecinho obter a indicação. Enquanto Serra fortalece seus vínculos com o DEM e o PPS e cria canais dentro do PMDB (Orestes Quércia em São Paulo), Aécio flerta com partidos do arco governista. Resumindo, Serra tem controle sobre seu futuro político, pois tem base no partido e naqueles que estão em oposição ao governo. Já Aécio não comanda seu futuro, pois Lula ainda é comandante maior dos partidos que estão na sua base.

É claro que o cenário eleitoral pode alterar bastante, mas a margem de manobra do presidente é infinitamente maior que do governador mineiro. Um sinal de desespero de Aécio Neves é o recente ataque histérico (e fortuito) ao governo Lula. Ao contrário de Serra, que busca apropriar da agenda governista, Aécio radicou o discurso e adotou a agenda derrotada em 2006 – privatização, redução dos gastos sociais, arrocho salarial do funcionalismo público, etc. É o famoso choque de gestão tucano. De fato, é uma estratégia de alto risco, que tem tudo para não prosperar.

segunda-feira, novembro 03, 2008

Três reflexões sobre as eleições: Preconceito, conservadorismo e mídia

A idéia de colocar a culpa no suposto preconceito da elite paulistana à candidata Marta Suplicy não é boa explicação, pois não é verossímil. É claro que existem segmentos que podem trazer algum preconceito, mas nada que possa ser generalizado para a cidade de São Paulo. Afinal, a população paulistana quase a levou para o segundo turno na eleição para o Estado de São Paulo em 1998, elegeu Marta prefeita em 2000, e nas eleições de 2004 e 2008 levou sua candidatura para o segundo turno. Além do mais, como bem disse o Blog do Alon, que outra grande capital no país elegeu (i) uma assistente social vinda do interior da Paraíba (Erundina em 1988); (ii) um descendente de libaneses (Maluf); (ii) um negro vindo do Rio de Janeiro (Pitta); e (iv) uma mulher que se tornou famosa por apresentar um programa de orientação sexual na televisão numa época em isso era um escândalo (Marta). De fato, é uma explicação bastante simplória, e que escamoteia os erros que o PT e a campanha martista tiveram ao longo da eleição paulistana.

Uma outra explicação pouco feliz diz respeito ao suposto conservadorismo paulistano que impediria a vitória de uma candidata do campo de esquerda. As vitórias de Marta e Erundina desmentem ou, pelo menos, estão na contramão dessa versão. Além disso, como assinalou um leitor atento da blogosfera, José Márcio Tavares, numa mensagem que recebi por meio de e-mail, o Rio de Janeiro é considerado de esquerda e São Paulo de direita, mas a última vez que o Rio teve um candidato de esquerda no segundo turno foi na eleição de 1992, com Benedita da Silva (PT). Qual dessas cidades é mais conservadora mesmo? É uma observação pertinente, algo para refletir.

É importante assinalar que a questão da mídia permanece em aberto, e esta extremamente desfavorável à candidata petista. Na verdade, a grande mídia em geral, e a paulista em particular, travam batalhas constantes contra o campo mais à esquerda. No episódio que envolveu a suposta invasão da privacidade do candidato Kassab, a mídia teve uma reação desproporcional. Isso porque a mídia nunca teve zelo com a privacidade dos políticos ligados ao campo mais popular (e duvido que passará a ter). Segundo, é bom fazer uma comparação entre a escorregada da campanha martista e as escorregadas do candidato do PV à prefeitura do Rio de Janeiro, Fernando Gabeira (este apoiado pela mídia). Gabeira mostrou desprezo para com a população do subúrbio quando disse que a vereadora tinha uma visão suburbana. Ele não atacou apenas a vereadora eleita, mas os eleitores e moradores das regiões pobres do Rio. Em outra ocasião, o candidato também atacou ao mesmo tempo três símbolos do carioca: a feijoada, o samba e o carnaval. O Biscoito Fino e a Massa fez uma ótima análise sobre a candidatura verde trazendo esses elementos. E por fim, Gabeira deixou transparecer o preconceito com as regiões pobres mais uma vez, ao dizer que o prefeito não deveria ficar apenas no Rio, mas também na Zona Oeste (ou seja, o Rio para o Gabeira é apenas a Zona Sul, o resto é subúrbio).

No episódio de Marta, ela não aparece, nem houve sinais de que participou de alguma maneira da decisão de veicular o comercial de sua campanha. É óbvio que a responsabilidade é da candidata, porém é diferente quando isso vem do próprio candidato. Gabeira, por sua vez, é o principal ator dos seus escorregões, pois saíram de sua boca as palavras que mostraram preconceito ou desprezo com segmentos que são a maioria do eleitorado carioca, ou seja, a população do subúrbio e os amantes do samba, da feijoada e do carnaval. Porém, a mídia deu super exposição ao escorregão da campanha petista, taxando-a de preconceituosa, mas minimizou aqueles do Gabeira. Imaginem se Gabeira fosse candidato pelo PT? Ou se fosse Marta que tivesse professado aquelas palavras? No fim, Gabeira foi vendido pela mídia como o candidato moderno, de uma nova forma de fazer política (isto é, o PSDB, DEM e PPS, a centro-direita), e Marta como a preconceituosa. Mais uma vez, dois pesos e duas medidas, a tão propalada indignação seletiva. Dizem que o Gabeira saiu da eleição com uma vitória moral, enquanto Marta saiu menor que entrou na campanha. Pode ser verdade, mas o papel que desempenhou a mídia na construção (Gabeira) e destruição (Marta) da imagem do candidato foi fundamental.

sábado, novembro 01, 2008

O que houve de errado na campanha petista na eleição de São Paulo?

Uma primeira observação diz respeito à própria dinâmica eleitoral. Existem três tipos de campanhas eleitorais na ótica do candidato: (i) eleições perdidas, em que só um grave erro do adversário pode levá-lo à vitória (é o caso da candidatura petista em Curitiba); (ii) eleições possíveis de ganhar, mas deve contar com o erro do adversário e não errar na campanha, ou seja, o ganhador é aquele candidato que errar menos na formação de alianças e na campanha eleitoral; e (iii) eleições vencedoras, em que só um grave erro pode levar o candidato à derrota (Curitiba também é o melhor exemplo para o caso da candidatura de Beto Richa). Para complicar esse quebra-cabeça, existem ainda eleições que podemos chamar de continuidade (situação) e outras de mudança (oposição).

Tal cenário torna-se ainda mais complexo com o instituto da reeleição, que beneficia enormemente o candidato que tem a caneta na mão. Um ditado comum é que o candidato a um cargo executivo no Brasil é eleito para oito anos, mas com um referendo popular na metade do mandato quando a população tem a opção de repensar sua escolha, confirmando a escolha inicial ou escolhendo outro mandatário. Uma prova da força da reeleição para o candidato-mandatário é que todos eles conseguiram melhorar a imagem de suas administrações com as eleições. Mesmo as candidaturas perdedoras (é o caso de Serafim Almeida em Manaus), a avaliação do governo melhorou ao longo da campanha eleitoral. A construção de ampla aliança com grande tempo de televisão colaborou para melhorar a imagem de seus governos.

Como poderíamos classificar a eleição da capital paulistana? Sem dúvida nenhuma tratava de uma eleição possível de ganhar, mas com grandes dificuldades para um partido de oposição ao governo local. Uma dos complicadores é que também a eleição paulistana poderia ser enquadrada como de continuidade, muito embora a aprovação regular do governo local no início do período eleitoral.

No cenário da eleição paulistana, a candidatura da Marta não tinha o menor direito de errar. E ainda tinha que contar com o erro do adversário. A campanha de Marta começou bem, trabalhou com competência a redução da rejeição à candidata nas primeiras semanas de campanha. Foram os acertos de sua campanha que levaram a atingir 41% nas pesquisas em certo momento do primeiro turno, sendo que sua taxa de rejeição estava em 26%, contra 33% do prefeito naquela pesquisa. A pergunta a ser respondida é: o que mudou a partir desse pico eleitoral? De forma bastante simples, a campanha petista começou a errar sistematicamente, e a campanha de Kassab mostrou grande competência de exposição do candidato, exaltando suas realizações, minimizando suas fragilidades e reduzindo sua rejeição. Amparado por um grande tempo de televisão, Kassab melhorou significativamente a aprovação de sua administração, o que traduziu em votos para o candidato.

A campanha petista começou a errar bem antes da polêmica com relação às perguntas “é casado? Tem filhos?”. A campanha de Marta sabia que era muito difícil vencer no primeiro turno, e tal fato não mudou quando ela obteve uma taxa de intenção de votos recorde. Mas foi justamente a partir dessa época que a campanha de Marta perdeu seu eixo (que nunca mais foi encontrado). A constatação era de que Kassab era mais fácil de ser vencido que Alckmin no segundo turno. O problema era que ele estava em terceiro lugar e poderia ficar de fora do segundo turno. A campanha de Marta passou então a polarizar com Kassab, como forma de minar o candidato Alckmin. Esse movimento favoreceu enormemente o candidato Kassab destruindo a campanha alckmista. Ou seja, a forma que a campanha petista encontrou para minar o segundo colocado na época fortaleceu a candidatura anti-Marta de Gilberto Kassab. Marta e Kassab trouxeram realizações de suas gestões para estabelecer comparações, mas Alckmin só podia dizer que tinha sido bom governador e poderia ser bom prefeito. De fato, Alckmin tinha pouco a oferecer para o tipo de candidato que o eleitor paulistano buscava naquele momento.

O grande erro da campanha da candidata Marta foi abandonar uma estratégia eleitoral que a tinha levado ao maior patamar que obteve nas pesquisas, redução de sua taxa de rejeição e a conseqüente melhora em sua imagem. Além do mais, naquele instante ela pela primeira vez aparecia vencendo os adversários no segundo turno. A clara mudança na estratégia eleitoral com o intuito de enfrentar um candidato supostamente mais frágil no segundo turno (retrospectivamente já sabemos que a tese não era verdadeira) foi um erro colossal. A candidata petista precisava era chegar ao segundo com uma boa imagem pessoal e a campanha estava conseguindo esse resultado. A estratégia adotada não assumidamente naquele instante era de alto risco. Provou-se ao longo do resto da campanha que a polarização com Kassab elevou a avaliação de seu governo, e a conseqüente subida nas pesquisas, e aumentou consideravelmente a rejeição da petista, o que traduziu em queda em sua intenção de votos.

A campanha de Marta deixou de pautar as eleições, o que explica que problemas como trânsito sumiram da campanha, enquanto temas que incomodavam a candidata petista passassem ao centro do debate eleitoral. Um exemplo disso foi ressurgimento da questão das taxas e da saúde pública. É fato que o governo Serra-Kassab não tem muito o que mostrar com relação à saúde em São Paulo, mas têm uma avaliação melhor que da ex-prefeita. O curioso dessa história é que Marta teve que construir todo o sistema de saúde pública de São Paulo, que inexistia até então. Quando dizem que ela não fez nada, é bom lembrar que ela só municipalizou a saúde em São Paulo, não é pouca coisa, como bem lembrou o Blog do Bruno. Ou seja, a Marta tirou São Paulo do atraso e recomeçou do zero a implantação do Sistema Único de Saúde em São Paulo. A tarefa da prefeita Marta foi incomparavelmente superior a essa invenção privatista chamadas AMA (Assistência Médica Ambulatorial). São unidades de atendimento de baixo grau de complexidade administrados por terceiros. O atendimento continua ruim e precário. Não houve investimento em programas mais estruturantes como Saúde da Família ou Unidades Básicas de Saúde.

De fato, as duas últimas eleições em São Paulo foram dominados pelos paradigmas estabelecidos na gestão de Marta Suplicy. Assim como na saúde, na educação a eleição se dá em torno dos CEU de Marta, embora houve piora significativa na qualidade na gestão Serra-Kassab, principalmente com redução dos espaços para cultura e diversão dos jovens da periferia. No trânsito, a mídia simplesmente sumiu esse tema do debate, até mesmo porque foram abandonados os projetos que valorizavam o transporte público da época de Marta sem que nada fosse colocado no lugar. Mesmo o projeto Cidade Limpa, menina dos olhos do prefeito do DEM, teve início na gestão de Marta com a recuperação do centro, mas sendo aperfeiçoado e ampliado na gestão seguinte. O fato é que os paradigmas para a cidade de São Paulo continuam sendo dados pela ex-prefeita Marta Suplicy, mesmo sendo esta derrotada nas urnas. O inusitado nessa história é que o vencedor não traz idéias novas para São Paulo, mas apenas representa um projeto de menor radicalização (isto é, menor inclusão) daquilo que ele promete continuar ou aperfeiçoar, mas que não foi definido por ele, mas pela candidata derrotada.

A candidatura de Marta ao forçar uma polarização, com comparações, perdeu a chance de apresentar novas idéias e projetos para São Paulo. Ela trouxe o passado, que não era bom para ela, em vez de focar no futuro, muito mais promissor. Não adianta ficar batendo em ponta de faca. Ela perdeu em 2004, o jeito é aceitar e conviver com aquela derrota. Trazer o passado para melhorar a avaliação daquela gestão que supostamente teria sido injusta não faz qualquer sentido. O eleitor não quer ser considerado burro. Se descobrir que errou em 2004, ficará mais puto ainda com quem fez perceber esse erro. A comparação só fazia sentido se tivesse sido vitoriosa, mas não foi esse o caso. Agindo assim, a campanha perdeu o rumo e o resultado foram quedas continuadas nas intenções de votos e subida de sua rejeição. Até mesmo quando quis trazer para o debate o nepotismo do candidato e de seu suposto amante, fez isso de forma atrapalhada. Não soube explorar uma fragilidade do adversário com competência. Marta perdeu a oportunidade de melhorar sua imagem perante o eleitor paulistano, mesmo que isso não levasse a sair vitoriosa das urnas. O melhor é esquecer mais esse round, mas tirar as lições para batalhas futuras dos motivos que a levaram à derrota.

Quem ganhou e quem perdeu nessa eleição?

Os partidos da base governista do governo federal ganharam e os partidos de oposição perderam. Simples assim. Os números falam por si só. PT, PMDB, PSB, PC do B, PDT – aqueles partidos que formam o núcleo do governo – ampliaram significativamente o número de prefeituras e de votos obtidos na eleição. PV que, a despeito de ser governista, na eleição jogou dos dois lados, também saiu bem nessa eleição. Partidos como PP, PTB e PR – governistas de segundo time classificados como mensaleiros – ficaram do mesmo tamanho ou com pequeno acréscimo. Por outro lado, PSDB, DEM e PPS perderam significativa quantidade de prefeituras e de votos. Qualquer outra aritmética que objetive explicar uma possível vitória oposicionista é puro mel para passar na boca dos iludidos.
Uma análise para agradar os iludidos é sempre feita cheia de condicionantes. Uma vertente é tentar explicar a vitória do PMDB, principalmente nas capitais que disputou com o PT, como vitória oposicionista. Pela ampliação do número de prefeituras e por ter-se firmado capitais de grande densidade eleitoral – Rio de Janeiro, Salvador, Porto Alegre – o partido é sem dúvida um grande vitorioso nessa eleição. Ou seja, o PMDB ampliou o número de prefeituras ao mesmo tempo em que obteve vitórias em prefeituras importantes. A maior delas, a do município do Rio de Janeiro, é bom lembrar, era um dos bastiões do DEM no país, partido que regrediu consideravelmente também no interior daquele estado.
Apesar da disputa com o PT em algumas localidades, o PMDB que sai vitorioso nessa eleição é majoritariamente governista. A grande exceção é o PMDB de Orestes Quércia em São Paulo, figura que a mídia fez questão de esconder na eleição paulistana para não prejudicar a candidatura de Kassab. Quando Quércia apóia candidatos do PT é um escândalo, cantado em verso e prosa em todos os grandes veículos de comunicação. Agora quando dá apoio aos adversários do PT, com o precioso tempo de televisão do PMDB, nesse momento não há qualquer problema. É importante frisar que o Quércia joga o PMDB nos dois lados (situação e oposição) como forma de valorizar ou encarecer o apoio do partido, mas é um mero negociante, não um oposicionista convicto. As circunstâncias em São Paulo o levaram para os braços do DEM e do PSDB, pois esses partidos tinham mais a dar em troca para seu projeto político em 2010. Todavia, trata-se de casuísmos da política local, mas jamais pode ser considerado como ferrenho opositor ao governo. Os outros líderes do partido que flertam com a oposição simplesmente saíram do cenário, ou seja, foram perdedores dentro de um partido que sai vitorioso.

O PT é outro dos grandes partidos que sai vitorioso sem dúvida. Mas o PT em 2004 elegeu nove prefeitos nas capitais e agora apenas seis. Em 2004 o PT elegeu prefeitos para as capitais de Belo Horizonte, Vitória, Recife, Aracaju, Fortaleza, Palmas, Macapá, Rio Branco e Porto Velho. Em 2008, Belo Horizonte, Macapá e Aracaju passaram para o comando de outros partidos – todos da base governista. Em Aracaju, o PC do B herdou a prefeitura do PT que assumiu o governo estadual na eleição passada. Ou seja, é também uma administração do PT, partido que elevou a importância política no Estado de Sergipe com a eleição de Marcelo Deda. Em Belo Horizonte, o partido também faz parte da coligação que elegeu o candidato do PSB, apesar de toda a confusão que gerou a aliança na cidade. Então, apenas Aracaju, um capital de pouca expressão, é que o partido realmente perdeu.

Por outro lado, o PT voltou a crescer nas cidades médias, sendo o partido que mais elegeu prefeitos no chamado G79, ou seja, o grupo de cidades com mais de 200 mil eleitores. Em Minas Gerais, das grandes cidades, apenas Juiz de Fora não terá prefeito petista ou terá a participação do partido. O PSDB do governador Aécio foi simplesmente expulso para os rincões. Em São Paulo, o partido praticamente dominou os municípios da região metropolitana, apesar da derrota simbólica ocorrida em Santo André – onde o abuso do poder econômico numa eleição nunca foi tão descarado. O mesmo ocorreu na região metropolitana de Porto Alegre – com exceção de Pelotas, que ficou com o PP, ou seja, da base governista -, em que o partido manteve os municípios que governava e ainda ampliou para alguns que jamais tinha passado por governos petistas. Em Santa Catarina, o partido obteve a prefeitura mais importante do interior do Estado, Joinville. No Rio de Janeiro, o partido também ampliou sua presença no interior do Rio de Janeiro. No país como um todo, o PT ampliou em 37% o número de prefeituras, sendo que nas cidades com população acima de 150 mil habitantes o crescimento ficou em 40,9%. São números que mostram como o partido saiu vitorioso. Dos grandes partidos, o PT foi simplesmente o que mais cresceu. Ademais, o partido teve o maior percentual de reeleição entre os partidos nacionais, ou seja, 56% dos prefeitos e prefeitas do partido reelegeram ou fizeram o sucessor.

Os partidos aliados do bloco mais esquerda (PC do B, PSB e PDT ) tiveram crescimento expressivo nessa eleição. O PC do B ampliou em 300% o número de prefeituras, passando de 10 cidades em 2004 para 41 nessa eleição. O PSB foi outro partido que obteve uma expressiva vitória, passando de 195 para 315. Por outro lado, os três partidos de oposição – PSDB, DEM e PPS perderam 549 prefeituras, com destaque para o último que perdeu 57% das prefeituras que administra atualmente. A oposição extremada do antigo partido comunista que está à direita do PSDB não rende votos, apenas serve para os interesses dos outros partidos de oposição. Aliás, o espaço político mais à direita do espectro político já foi ocupado pelo DEM, que a cada eleição se reduz, sobrando pouco espaço para um partido formado de ex-comunistas (PPS) convertidos de direitistas de plantão para ganhar a confiança desse eleitorado. A oposição, ao contrário do que sugere a eleição do DEM na capital paulista (frise-se, a prefeitura já estava com o partido), só manteve a posição nos rincões. PMDB e PT ampliaram significativamente a presença nas grandes cidades, empurrando os três partidos de oposição para as cidades menores. Em Minas Gerais, esse fato foi flagrante.

Quem quiser acreditar em versões de fortalecimento da oposição para as eleições de 2010 fique à vontade. Cada um vive com sua ilusão. Mas o fato é que o governo sai fortalecido, pois os partidos que compõem seu núcleo nunca tiveram tanta presença política como terá a partir de janeiro de 2009. É claro que o tabuleiro presidencial é mais complicado. Mas é melhor chegar nele mais fortalecido que o contrário. O resultado dessa eleição municipal manteve todos no páreo, mas o consórcio governista se tiver juízo vai aparar as arrestas da disputa eleitoral, acertar os ponteiros e sair unido em torno de um projeto de continuidade para a eleição de 2010. Afinal, para que partir para uma aventura em vez manter o time que está ganhando. Há bem menos semelhança do que parece entre a eleição de 2010 com a que houve em 2002. Naquela eleição, o governo federal era muito mal avaliado, tornando mais fácil o sucesso de uma candidatura de oposição. Para 2010, tudo indica que o governo ainda chegará muito bem avaliado, o que favorece um projeto de continuidade. Como bem lembrou Lula, ninguém ganhou falando mal do governo. Não tem por que ser diferente em 2010.

sábado, outubro 25, 2008

Mensagem à população de Belo Horizonte

Patrus Ananias, publicado no site do PT em 24/10/2008
Pessoas amigas têm me procurado direta ou indiretamente através da rede da Internet perguntando qual candidato apoio na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte.Como declarei em várias oportunidades não apóio nenhum candidato nestas eleições.

Durante o processo eleitoral no primeiro turno, tornei públicas as razões da minha posição. Não obstante meu desejo e empenho em participar e contribuir para consolidar e ampliar as grandes conquistas que a população belorizontina, especialmente os pobres e trabalhadores, teve nos últimos 16 anos, fui literalmente alijado do processo juntamente com outros companheiros (as) do PT, das esquerdas, das forças democrático-populares, dos movimentos sociais, da base de apoio do governo Lula. Poderia ter sido perfeitamente possível, se houvesse vontade política, construir uma candidatura que unificasse todas essas forças, com amplas possibilidades de vitória. Prevaleceu, infelizmente, uma concepção centralizadora, autoritária de alianças:sem qualquer fundamentação programática e de compromissos sociais. Dispensou-se a militância e apostou-se numa campanha baseada inteiramente no marketing. O Partido dos Trabalhadores desapareceu no processo eleitoral de Belo Horizonte.
Muitos conhecem minha história com Belo Horizonte, cidade onde fui vereador e prefeito e que me confiou mais de 300 mil dos 520.045 votos que tive quando fui candidato a deputado federal em 2002. Há quase cinco anos à frente do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, meu compromisso com os mais de 66 milhões de pessoas pobres no Brasil não interrompe a minha relação com Belo Horizonte e Minas Gerais, apenas a repõe em outra dimensão.
Atendendo solicitação da direção nacional do PT e de integrantes do diretório estadual, dediquei-me às campanhas do PT, onde o partido pôde hastear as suas bandeiras, em várias cidades do Brasil, em especial às de Minas Gerais. Por sete finais de semana seguidos e algumas noites pude visitar 47 cidades mineiras e outras 15 em diferentes Estados do Brasil. É de alegrar o coração ver como o nosso povo, sobretudo os mais pobres, possui uma enorme identidade com as nossas causas, as causas do PT e das forças democrático-populares. É um contato revigorante que nos restaura o sentido primeiro de nossa militância: construir a paz no desenvolvimento integral das pessoas e das potencialidades da nossa gente. Ainda esta semana estarei em Juiz de Fora, Petrópolis e Contagem, levando meu apoio às companheiras e companheiros que disputam o segundo turno.
Votarei no próximo domingo, considerando atentamente e até o último momento as propostas e o comportamento de cada candidato. Não tornarei público o meu voto porque isso só faz sentido quando é pública a nossa adesão a uma candidatura. E a adesão plena só se dá no compartilhamento das idéias, dos sonhos e dos projetos em campanhas que nos mobilizam no mais fundo do coração e dos sentimentos.Infelizmente não é o caso de Belo Horizonte.
Belo Horizonte, 21 de outubro de 2008
Afetuosamente,
Patrus Ananias
Comentário do blogueiro:
Patrus Ananias é um dos raros políticos que a gente vota com prazer, aquele orgulho da simples manifestação de voto. Se estivesse em Belo Horizonte para votar amanhã, faria isso com tristeza. Deveria fazer um esforço enorme para decidir em quem votar (frise-se, não é tarefa fácil dada à conjuntura eleitoral da cidade). Em geral, não considero a opção de anular o voto, mesmo quando as candidaturas colocadas não sejam do meu agrado.

A tal convergência do governador Aécio Neves representa aquele antigo sonho da direita de eliminar a política. Não é uma convergência em torno de idéias, projetos, mas de interesses de agrupamentos políticos. Alguém (ou milhões de pessoas) não será convidado para a festa, aquele momento de repartir o bolo. Nesse sentido, a grande maioria ficará de fora, simplesmente alijada do processo político. De certa maneira, foi o que aconteceu em Belo Horizonte. As forças políticas democráticas populares que elegeram Patrus foram convidadas para ficar de fora do novo jogo de interesses que permeia a política mineira.

É isso que dá quando a política perde o sentido e as pessoas passam a simplesmente valorizar a idéia vaga de “gestão”. Esta devia ser um instrumento para operacionalizar com eficiência as escolhas políticas, mas jamais um fim em mesmo. Perde-se o referencial, e as escolhas políticas passam a importar cada vez menos. Não importa se investe em transporte público ou viadutos. Mas é claro que importa, ou será que não podemos mais dizer aos burocratas de plantão qual a cidade que queremos.

sexta-feira, outubro 24, 2008

Votar ou anular o voto em Beagá?

É triste o final da encenação eleitoral que está acontecendo em Belo Horizonte. O "projeto aliança por BH" - ou melhor, aliança para os projetos políticos de Pimentel e Aécio - foi reprovado pela população. O problema é que as opções que restaram nesse segundo turno são para dar dor no estômago. De um lado um aventureiro cheio de chavões, mas sem nenhum conteúdo, de outro lado, um candidato-laranja que não conhece a cidade, e que representa a despartidarização da política - isto é, a política só serve para projetos pessoais (nesse caso, de Aécio e Pimentel).
O PT sai perdedor da lambança costurada pelo Pimentel, e isso independe do resultado de domingo. O partido já perdeu desde o início quando o prefeito abandonou os aliados (como o PC do B) e deixou de fora justamente os melhores do partido - Patrus, Dulci, só para citar alguns. É assim mesmo: impossível sair algo bom vindo de Virgílio Guimarães. Nem aqui vou relembrar suas atitudes desastrosas para o PT.

Como Belo Horizonte é uma cidade que está no meu coração, como o Atlético Mineiro, sinto-me obrigado a expor minha contrariedade com que houve nessa eleição municipal. Bem que não estarei mais na cidade para ter que decidir entre votar e anular meu voto. Mas meus amigos do Blog Pedreira na Vidraça fizeram um quadro com os motivos para anular o voto. Mesmo que sua decisão seja escolher um dos candidatos no domingo, o Quadro Comparativo (clique no quadro para ampliar a visualização) ao lado fala por si só. Como se vê, a que ponto chegou a eleição em Beagá.

sábado, outubro 18, 2008

O vale-tudo da corrida eleitoral

É hipocrisia imaginar que na corrida político-eleitoral o vale-tudo não é a regra, mas a exceção. A campanha da Marta Suplicy em São Paulo errou na estratégia eleitoral ao abordar a vida privada do candidato Kassab, mas não quer dizer que a eleição é uma peleja entre mocinhos. É um erro permitir que a campanha eleitoral invada indevidamente a vida privada do candidato. Esse é apenas um princípio. Todavia, o maior erro em termos de estratégia eleitoral é que a campanha da Marta devia prever a reação negativa da mídia, apesar de estar aí uma grande hipocrisia.
Os petistas reclamam que a mídia sempre escancara a vida privada deles, mas quando acontece com seus adversários, essa mesma mídia insurge indignada. É público e notório que a vida privada de Lula e Marta Suplicy (só para citar alguns) foi e continua sendo invadida descaradamente pela grande mídia que a todo custo busca proteger a vida privada do candidato Kassab. Marta Suplicy foi e continua sendo vítima de preconceitos resultados da invasão de sua vida privada (algumas verdadeiras calúnias). Esse é mais um caso de indignação seletiva.
Estrategicamente, a candidata Marta Suplicy deveria ter reconhecido o erro no início, pedido desculpas, sem abandonar a estratégia de levar ao eleitor mais informação negativa sobre seu adversário. Seria uma escolha tática, e não tem nada a ver com a noção de certo ou errado. Aliás, em eleição a idéia de certo ou errado é bobagem. Tanto é verdade que contra o PT vale-tudo, e ninguém fica espantado.
Tudo indica que Marta Suplicy só viu o comercial depois de sua divulgação, mais tal fato não é atenuante para ela. A responsabilidade da campanha é sempre do candidato (a). Assim, ao perceber a repercussão negativa, a melhor estratégia é sempre reconhecer o erro, pedir desculpas e manter a estratégia de outra forma (desde que ainda se acredite que a estratégia possa surtir resultado eleitoral).
Uma maneira inteligente de abordar a suposta homossexualidade do candidato Kassab é questionar a existência da Secretaria de Desburocratização. Para que foi criada? Teria sido para abrigar na administração de Kassab o deputado Rodrigo Garcia? Quais os critérios que levaram sua escolha? No final, alguém acabaria levantando a questão do homossexualismo de Kassab, sem precisar que a campanha abordasse sua vida pessoal.

Também é importante questionar o estrondoso crescimento do patrimônio de Kassab desde que iniciou na política no governo de Celso Pitta. O comercial de Marta Suplicy traz essas questões, mas a mídia ignora, centrando somente na sua suposta indignação. Nesse episódio, a mídia sem pudor propaga que a candidata tem preconceito contra homossexuais. É o vale-tudo da mídia contra Marta Suplicy. Contra Marta Suplicy o vale-tudo é permitido.

Os panfletos contra Gabeira e a mordaça da Justiça Eleitoral

Antes de iniciar este post quero dizer que torço pela vitória do Gabeira no Rio. Apesar de estar numa aliança pouco defensável, não dá para engolir o candidato metamorfose-ambulante do Eduardo Paes. Feito essas considerações, agora vamos aos panfletos.
A mídia tratou inicialmente os panfletos como avulsos como se fossem apócrifos. As fotos dos panfletos são claras: o PT, PSB, PDT e PC do B assinaram os panfletos, com CNPJ e tudo (como manda o figurino). Ou seja, não esconderam que os panfletos eram ou tinham o apoio desses partidos. Nada foi feito às escuras. No entanto, isso foi ignorado inicialmente, numa tentativa de associar os panfletos ao PMDB do candidato Paes, principalmente porque uma Kombi que distribuía os panfletos trabalhou na campanha da vereadora eleita Clarissa Garotinho (PMDB).

Além disso, os panfletos também foram tratados de forma pejorativa, como se fosse um ataque desleal ao candidato Gabeira. Os panfletos têm os dizeres “Diga não à continuidade de César Maia, pense nisto!”. Não há na frase nenhum ataque desleal ou qualquer calúnia ou difamação contra Gabeira, como próprio assinalou a Justiça Eleitoral. Como Gabeira tem apoio do prefeito César Maia, e o PV, PSDB e PPS participa da sua adminstração a muitos anos, é uma interpretação política plausível.

Está claro também que não é Gabeira que apóia César Maia, mas o contrário. Da mesma, o presidente Lula recebe apoios de políticos de diversos partidos e trajetórias, mas nada autoriza a concluir que o presidente apóia todos que os apóiam. Todavia, a candidatura de Gabeira permite essa interpretação de continuidade da gestão de César Maia. Obviamente, Gabeira e César Maia são políticos bem diferentes, o que nos leva a acreditar que os governos serão bem distintos. Porém, a candidatura Gabeira não é ruptura do governo César Maia. Também não é a candidatura de Eduardo Paes, criado nas hostes do prefeito carioca e que até a pouco tempo engrossava as fileiras do PSDB, partido que participa ativamente da gestão César Maia.
Os partidos PV, PSDB e PPS participam do governo de César Maia. Aliás, é o PSDB quem comanda a Secretaria de Saúde, a área de pior avaliação do governo César Maia. Então o panfleto não falou nenhuma mentira, pois tanto deverá haver mudanças quanto continuidade. Certamente não é o caso de ruptura. Se a continuidade persistir na saúde (o que não acredito) num futuro governo Gabeira, a população não tem muito a comemorar.
Segundo o dirigente petista, a apreensão é arbitrária: “O PT tem candidato no Rio no segundo turno. Mas esse não é um panfleto pró-Paes. É meu direito de liberdade. Estamos na ditadura militar? Não estamos fazendo nada às escuras. A apreensão é arbitrária, para beneficiar o Gabeira. Agora vão amordaçar os partidos?”. O TRE, no entanto, entende que o panfleto representa propaganda negativa, apesar de não ser difamatório ou calunioso, e visa influir a opinião do eleitor. Para o TRE, a Resolução 22.718 da Propaganda Eleitoral, é obrigatório informar o nome do candidato, do vice e da coligação beneficiada. Que coisa estranha essa do TRE querer legislar de como os partidos podem emitir suas opiniões! Em que lugar está a mídia que se professa defensora da liberdade de opinião? Ah, o partido responsável pela confecção do panfleto é o PT, e para este não tem esse negócio de liberdade. Tome mordaça no PT. É assim mesmo: alguns grupos (políticos ou não) tem mais liberdade de expressar suas opiniões. Não basta o desigual acesso aos meios de comunicação de massa.

Este é mais um equívoco da Justiça Eleitoral. É bastante similar à mordaça que a justiça eleitoral impôs na Internet. Não vejo porque a Justiça Eleitoral deva proibir partidos de expressarem suas opiniões, mesmo que isso beneficie determinada candidatura. É um tipo de mordaça que tenta limitar as formas de propaganda política. Agindo assim, a Justiça Eleitoral deveria fechar ou impedir cobertura jornalística das eleições de todos os jornais, revistas, televisão, etc., privando os eleitores de informação, pois não há dúvida de que as matérias supostamente jornalísticas dos grandes veículos de comunicação estão sempre a serviço de uma ou outra candidatura. Ou seja, tem sempre alguém sendo beneficiado. Ou será que alguém duvida de que a grande imprensa apóia Gabeira no Rio, Kassab em São Paulo e Márcio Lacerda em Belo Horizonte. Dessa praga a Justiça Eleitoral não tem como se livrar.

sexta-feira, setembro 05, 2008

Um debate importante

Do Blog Óleo do Diabo

Miguel Rosário

O jornalista Luiz Carlos Azenha publicou esta semana um artigo na seção de opinião de seu site, VioMundo, que despertou uma saudável polêmica. O título do texto é "Lula: não há principio que não seja negociável", e, na sua essência, faz algumas afirmações controversas sobre o ex-operário e sobre política em geral. Eis um trecho:

Eu fico sinceramente sentido pelos internautas e pelas gotas de suor imaginário que os vejo verter diante dos computadores em defesa do governo Lula e do presidente da República. Outros o fazem em defesa da qualidade da informação, da justiça social ou de alguma outra causa realmente nobre.

Talvez minha longa carreira no Jornalismo tenha me transformado num cínico profissional. Eu sinto sinceramente por gente como o blogueiro Eduardo Guimarães, que além de tantos afazeres e tarefas complicadas que enfrenta na luta pela sobrevivência ainda encontra tempo, disposição e vontade para uma luta desigual e desgastante.

Eu leio os protestos desesperados de internautas sobre o fato de que o governo Lula mandou representantes ao aniversário da revista "Veja", aquela que sempre quis derrubar o governo Lula. Fico sinceramente surpreso ao descobrir que tem gente que desconhece como é o mundo da política. Infelizmente não é bonito, principalmente visto por dentro -- como já tive a oportunidade de ver, profissionalmente. Sob risco de ser espancado, repito o que já escrevi anteriormente: Lula só pensa em 2014. Ele fez e fará qualquer negócio para retornar ao poder em 2014. Se para voltar ao poder o Lula tiver que beijar o Civita na boca ele o fará. Aliás, não o fará pelo absoluto desprezo que Civita e a turma dele sentem pelo Lula.

As palavras de Azenha não surpreenderam a ninguém, visto que o mesmo, assim como Paulo Henrique Amorim, faz o estilo jornalista inteligente-e-debochado, mas de esquerda. No entanto, o texto produziu uma verdadeira avalanche de opiniões contrárias, muitas escritas com impressionante lucidez. Eis uma delas:

"O Lula estava lá, toda a gente, todo o grupo dos operários do ABC estava lá. As discussões eram muito acaloradas. Num certo dia, houve um longo debate e honestamente não me lembro mais qual era questão, mas recordo-me do ritmo que tomou. Alguns queriam que aquilo fosse resolvido de hoje para amanhã, outros queriam que a solução fosse naquele dia mesmo e não amanhã. E alguns defendiam que se desse na semana que vem. O Lula, então, fez a seguinte observação, que guardo até hoje: 'vocês (para os intelectuais) parecem não levar em consideração aquilo que é próprio da classe trabalhadora. Nós temos muita paciência, nós temos uma paciência histórica, a gente sabe que de hoje para amanhã tem uma noite no meio e essa noite pode fazer com que de hoje para amanhã tudo tenha mudado. A gente precisa ter muita paciência, ir muito devagar'. Nunca me esqueci disso, porque na hora eu pensei, é isso mesmo. Intelectual de classe média é imediatista e acha que as coisas acontecem da noite para o dia. Quem tem a história de classe junto com ele e vem dessa história de fato precisa ter construído o que construiu com uma enorme paciência" Mais (entrevista com M. Chauí) em:
http://www.revistaforum.com.br/sitefinal/EdicaoNoticiaIntegra.asp?id_artigo=541



Muitos comentaristas afirmaram que estão plenamente conscientes das mazelas e contradições do poder, mas que defendem Lula porque acreditam que ele representaria uma direção original, um caminho positivo para o país.

Eu também gostaria de tecer algumas considerações sobre o artigo de Azenha. Em primeiro lugar, acho que há um ponto problemático, porque Azenha não ataca somente o governo Lula, mas sobretudo a própria participação política. De uma forma elegante, diria até mesmo carinhosa, Azenha ridiculariza os que defendem o governo Lula ou defendem qualquer político, porque estes só pensariam no poder.

No afâ de apontar ingenuidades nos outros, Azenha mergulhou no próprio centro da ingenuidade. Conheço bem sua posição, é muito comum no Rio e nas hostes esquerdistas. Eu chamo de brizolismo. É um brizolismo janota, despreocupado, sarcástico e, muitas vezes, tristemente cínico. Mas esse janotismo e sarcasmo e cinismo são, na maioria das vezes, apenas uma capa psicológica, ideológica e profissional. Psicológica para passar a idéia de valentia, de macheza política, atributos que, definitivamente, faltariam a Lula. Ideológica porque se coloca à esquerda do governo Lula, o que significa, no esquerdismo clássico, uma posição moral mais graduada. Profissional porque se criou no Brasil, para o jornalismo, determinados dogmas anti-políticos, solidificados ao longo de tantas ditaduras (Império, Vargas, militares) e crises políticas.

Compreendo perfeitamente que se usem essas capas. Todos nós precisamos delas, o tempo todo. Mas às vezes nos enrolamos tanto nelas que ficamos sufocados. E vejo uma discreta, mas irremediável, contaminação lacerdista nas idéias de Azenha. Ele culpabiliza Lula por pensar em 2014. Vários leitores responderam: e daí? Certamente, ele pensa no futuro. Mas acho presunçoso estar tão seguro do que se passa na cabeça de outrem. Lula, com a popularidade alcançada, pode pleitear o cargo que desejar: senador, por exemplo. Ele diz que Lula beijaria na boca de Civita (dono da Veja) para ser presidente em 2014. Ora, é uma metáfora tola e chauvinista. Em primeiro lugar, não é Lula que tem raiva de Civita. É o contrário. Nesses anos todos, com exceção de uma oportunidade (quando houve a matéria sobre as contas falsas no exterior, pateticamente negada pela própria fonte da matéria, que foi... Daniel Dantas), Lula nunca agrediu a Veja. A Veja é que vem agredindo o presidente sistematicamente. Portanto, se fosse o caso de que tal beijo ocorresse, nosso espanto maior seria que Civita aceitasse e não a oferta labial de Lula.

Há também o desconhecimento da história de Lula. Criado nas batalhas sindicais, Lula certamente teve que enfrentar inúmeros Civitas e patrões, e nunca caiu na esparrela estéril e adolescente da esquerda rancorosa e isolacionista. Aconselho Azenha a rever "Eles não usam black tie", o belíssimo filme de Gianfrancesco Guarnieri. Todos esses dilemas estão ali. Azenha parece se alinhar a um dos personagens do filme, um trabalhador ansioso e acusativo, que aos poucos se vai mostrando uma figura extremamente negativa e mesmo perigosa para o movimento sindical.

Uma luta não é feita somente de ataques, mas de recuos e avanços estratégicos. Azenha recorta um momento de recuo e infere dali uma derrota moral. Mas a avaliação precisa ser mais abrangente. É preciso ver as coisas do alto, de uma perspectiva histórica. Um bom jornalista precisa ter números. Precisa ser mais cientista e menos... político. Tenho a impressão que há um segmento da opinião pública, mesmo na esquerda, que recusa, por indolência, a análise econômica. E questão econômica é fundamental.

Sobre a questão política propriamente dita. O governo mandou representantes para o aniversário da Veja. Esse fato também me irritou. Mas depois eu pensei. Bem, ao menos o Lula não foi. Seguramente foi convidado e se negou a ir. Quanto a ida de ministros, seria sensato recusar peremptoriamente? Os chineses devem ter alguma frase do tipo: se não pode vencer o tigre, nem amansá-lo, não o perca de vista. Afinal, não deixa de ser irônico que a Veja, depois de tantos ataques vis ao governo, seja obrigada a, no aniversário de seus quarenta anos, estender o tapete vermelho para os representantes deste governo. Sim, porque eles foram os convidados principais. Não deixa de ser, portanto, uma tentativa da Veja se manter viva. O certo seria não ir? Ora, a Veja recebe milhões de propaganda oficial - porque o governo é obrigado, por lei, a anunciar em todas as publicações de grande circulação, sem poder escolher uma ou outra. Então, a Veja é um pouco nossa também. É um pouco do governo.

Chávez fechou um canal de tv na Venezuela. Os donos desse canal participaram do golpe contra ele. É um caso diferente. Mesmo assim, o dano político à imagem de Chávez foi enorme. Os atuais brizolistas admiram Chávez. Eu não admiro Chávez. Acho que ele é um cara importante para a Venezuela e para a América Latina e compreendo que suas atitudes se deram num contexto de radicalização que ainda não experimentamos aqui. Mas eu assisti programas de tv em que Chávez desafia, de maneira absolutamente leviana e irresponsável, o Pentágono americano para um duelo militar. Claro que é uma bravata. Mas é um infantilismo tão tosco e perigoso. Uma atitude que nunca, nunca, o Lula faria. O Lula é, para dizer o mínimo, um cara adulto.

Na verdade, Azenha não compreendeu que a defesa do governo Lula não supõe nenhuma ingenuidade. Mesmo entre os que fazem uma defesa apaixonada. Trata-se, tão somente, de participação política. Afinal, de que forma participar politicamente? Defendendo socialismo? Defendendo esquerda ou direita? Ora, isso é abstrato. O brasileiro - assim como Lula - é pragmático. Não vamos ficar perdendo nosso tempo especulando se Lula se inclinou aqui ou acolá para esquerda ou direita, como se estivéssemos falando de uma mocinha que transou com zezinho ou joãozinho. As políticas devem ser analisadas sob perspectiva histórica, com um mínimo de distanciamento, e aí entram as pesquisas sociais e os dados econômicos. O Brasil é bastante feliz nesse ponto, porque conta com instituições muito competentes que monitoram a realidade econômica e social do país, como o IBGE e a FGV. Para mim, e para muita gente, o que importa é superar a pobreza e não saber ou não se Lula quer voltar em 2014. Lá estamos procupados em ler pensamentos alheios?

Um comentarista diz que o problema está no próprio sistema político representativo. Azenha responde, dizendo que concorda inteiramente.
Luiz Carlos Azenha (03/09/2008 - 20:10)
Advogado, acho que é por aí, mesmo. A utopia deve ser essa, a de melhorar as formas de representação. Em minha modesta opinião!

O comentário do advogado havia sido este:
advogado (03/09/2008 - 20:04)

Azenha, nós precisamos encarar os fatos. O sistema de representação política por meio do sufrágio universal, sem freios e contrapesos, não funciona, principalmente num país onde a cultura da corrupção é predominante. O que acaba acontecendo é que o sistema de seleção de candidatos é a antítese do filtro - só o que é sujo passa. Diga a verdade: que pessoa minimamente proba, em sã consciência, se candidata a um cargo político hoje, com raríssimas exceções ? Como se fazer política honesta no meio de um sem-número de ratazanas ? Quem sabe parte dos agentes políticos deviam ser escolhidos por concurso público (é isso mesmo) para fazer contrapeso aos eleitos... Quem sabe conselhos compostos por pessoas que exercessem uma carreira (carreira mesmo, como auditor fiscal, juiz, etc) de administrador público ou representante parlamentar... Talvez um poder político assim, em parte meio "tecnocrata", ajudasse... Logicamente, a primazia ainda seria do voto... Esses representantes ou administradores públicos poderiam ser afastados pelo sufrágio. O fato é que algo tem que começar a ser discutido para, quem sabe, daqui uns cinqüenta anos, se a coisa não melhorar com esse lixo de sistema que está aí, haja uma alternativa.



As sugestões do "advogado" soam bastante sensatas. Mas há um desconhecimento histórico sobre os avanços da democracia representativa brasileira. Há cinquenta anos, menos de 20% dos brasileitos votavam. Há quarenta anos, nem votavam. Hoje, mais de 80% dos brasileiros votam. Claro que há corrupção na política, mas também existem muitos políticos sérios. A leitura dos livros do Wanderley Guilherme dos Santos me fez ver as coisas com um ceticismo mais inteligente. A nossa democracia é cheia de problemas, e por isso a nossa Constituição, de certa forma, é uma obra ainda em construção. Os deputados estão lá votando as mudanças. Eu acho muito mais ingênuo se pendurar numa bandeira utópica de uma futura mudança no sistema representativo - sem prova ou indício nenhum de que essa mudança significaria alguma melhora - do que você se engajar em campanhas de apoio ou ataque aos políticos que estão aí, em carne e osso, eleitos pelo povo e que podem, para o mal ou para bem, fazer alguma coisa.

E aí, por fim, entram as ilações de sempre. O pano de fundo do desencanto travestido de cinismo bem-humorado de Azenha é o caso Dantas. Mais uma vez, a mídia conseguiu fazer o Brasil esquecer que quem soltou Dantas não foi Lula. Lula prendeu Dantas. Quem soltou Dantas foi o Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal.

Se Lula não quisesse pegar Dantas, ele simplesmente não o prendia, não recolhia maletas e computadores de seus escritórios. Não fazia nada. Não é lógico. E aí temos esse afastamento do Paulo Lacerda, da Abin. Já escrevi sobre isso. O presidente do STF, o presidente do Senado, com apoio de todos os ministros do primeiro e vários senadores do segundo, pediram atitude enérgica do presidente. Eles estavam errados? Não importa. Eles representam a máxima instância da Justiça brasileira e a máxima do Legislativo e, segundo o princípio democrático dos três poderes, eles possuem tanto poder quanto Lula. Portanto, se o presidente do STF e o presidente do Senado pedem uma atitude enérgica de Lula, ele tem a obrigação de tomá-la. Mesmo que esses estejam influenciados por uma matéria tendenciosa da Veja. Não importa. Em caso contrário, Lula estaria sendo anti-democrático, anti-republicano, estaria sendo imprudente e, portanto, incompetente enquanto político.

Não é o caso de acusar Paulo Lacerda sem provas. O caso é que há indícios de que há vazamentos constantes de gravações da PF e da Abin, e Lacerda não conseguiu identificar de onde partem esses vazamentos. Há um "garganta profunda", um traidor, ou vários, infiltrados na PF e na Abin, e é função da Abin pegar esses caras.

E aí Lula nomeia o tão Trezza para chefe da Abin e as vozes se alevantam dizendo que é "homem de Dantas". Mais ilações. Ele trabalhou para uma das milhares de empresas de Dantas. Mas não teve contato com ele e saiu da empresa brigado com Dantas. Se todo empregado que trabalhasse numa empresa estivesse agora eternamente ligado a seu ex-patrão, o mundo acabava. Ele pode até ser um cara comprado por Dantas. Mas aí qualquer um podia ser, e não somente por ter trabalhado numa empresa de Dantas. Dantas pode comprar qualquer um. O fato de ter trabalhado numa empresa de Dantas, ao contrário, pode ser um ponto positivo, pode sugerir que ele conhece bem o atual adversário número 1 do governo.

No entanto, é forçoso admitir que o tal Dantas é mesmo tão poderoso como se dizia. As reviravoltas que assistimos, o apoio na mídia com que ainda conta, a força que possui junto a juízes do supremo e parlamentares, tudo é impressionante. Mas não percamos a perspectiva de que ele foi preso, seus documentos e computadores foram apreendidos, inclusive um computador escondido dentro de uma parede. Ele teve prejuízo de bilhões de reais com essa operação. Ele foi preso, repito. E não foi o Lula que soltou...

quinta-feira, setembro 04, 2008

Piada do ano: Impeachment do Lula por uma “reportagem” da Veja


Bruno Galvão dos Santos

A piada é tão grande e tem tantos episódios que eu não sei da onde eu começo: se é pela falta de credibilidade da Revista Veja (Luis Nassif ), ou da recorrência das falsas denúncias de grampos com os mesmo responsáveis , ou da piada que é o partido herdeiro da ditadura (Blog Democrata) falar que a democracia está a beira do precipício, ou da hilariante “reportagem” que o conteúdo de um grampo favoreça tão descaradamente os grampeados, ou da ausência de provas dessa “reportagem” (Luis Nassif) , ou do escândalo de pedir a demissão de toda a diretoria da Abin e ameaçar o impeachment do Lula, ou do ridículo Demóstenes chamar o Paulo Lacerda de monstro ou da impossibilidade de alguém acreditar que a oposição seria suicida de levar o caso para frente justamente na defesa de alguém tão impopular quanto o Gilmar Mendes e contra o Lula no auge de sua popularidade. A resposta é que o objetivo dessa piada toda é derrubar o Paulo Lacerda e tirar a credibilidade da denúncia contra o Dantas e contra futuras investigações de pessoas de colarinho branco. A oposição não é burra o suficiente de achar que existe a menor possibilidade de derrubar o Lula.
Pela enésima (Idelberavelar) vez, os mesmos personagens - Gilmar Mendes, Demóstenes Torres e Veja -denunciam um suposto Estado policial. Fernando Barros, da Folha, faz uma excelente constatação de que não havia qualquer denúncia de Estado policial que 30% da população carcerária esperava julgamento com prisões preventivas ou temporárias. Vejam essa excelente reportagem no blog do Nassif (Blog do Nassif). Alias, esse é o blog que mais vem denunciando esse absurdo.

A denúncia da Veja é hilária, é a primeira vez que vejo que uma divulgação do conteúdo de um grampo santifica os grampeados. Sugiram que olhem no final da reportagem (Veja) a suposta conversa grampeada. Vocês verão que são dois freis caputinos e extremamente defensores da lei e da democracia conversando. O Blog do Mello também faz uma ótima argumentação de qual não é de interesse da direção da ABIN grampear o Gilmar Mendes. “Por que a ABIN grampearia Mendes, se por mais que descobrissem algo gravíssimo sobre ele, não seria nada, comparado ao fato de ter sido grampeado o presidente de um dos Três Poderes?

(…)Admitindo-se que o governo grampeasse o ministro apenas para obter informações de seu interesse, sem divulgá-las, vem a seguinte pergunta: Precisaria o governo grampear o presidente do STF para saber o que ele pensa, que apito toca, que camisa veste, se isso está claro, claríssimo, em toda a trajetória de Gilmar Mendes, desde antes de ser ministro do Supremo, quando foi advogado-geral da União no governo FHC e defendeu tudo aquilo que foi praticado no “limite da irresponsabilidade”? O que descobriria de novidade, que não estivesse contido no já famoso artigo do jurista Dalmo Dallari?” Eu acrescentaria ainda que, depois do grampo LEGAL que presenciou o aliado do Dantas afirmando que não há motivos para preocupações para o julgamento no Supremo, pois lá o Dantas tinha “facilidades”, não havia mais necessidade de saber o posição do Gilmar em relação ao Dantas.

Não posso esquecer que Stanley Burburinho (Projeto) detectou incoerências de datas na reportagem. De qualquer forma, o pedido de impeachment do Lula não faz o menor sentido. E a oposição não é maluca de pedir o impeachment por causa que a Veja fez uma denúncia que diz que Gilmar Mendes é vítima do Lula. As pessoas sabem da falta de credibilidade das denúncias da Revista Veja.

Se a população sair nas ruas será para pedir a saída do Gilmar Mendes. É suicídio para a oposição, Gilmar Mendes e Veja incluídos nesta categoria, levar isso para frente. Como o Nassif disse, o objetivo disso é minar a credibilidade das investigações da Polícia Federal, principalmente no caso do Dantas. “É sabido que a Satiagraha flagrou jornalistas, advogados, juizes e parlamentares. Cria-se uma crise do nada, ameaça-se com o impeachment do presidente - como se tivessem essa bola toda. Mas resolve-se tudo numa boa se o presidente afastar Paulo Lacerda, fornecer os elementos para a absolvição de Daniel Dantas e livrar todos os pobros cidadãos flagrados pela Satiagraha. Volta a paz, acaba o incômodo com o grampo de Gilberto Carvalho e a lei - ora a lei! A palavra final sobre a lei é do presidente do Supremo, ora”.
Comentário do blogueiro: O artigo do Bruno é muito bom, expressa muito bem mais um factóide. A metodologia é simples, está cada vez mais "manjada", sem credibilidade. Só convence a galera do quanto pior melhor, o direitismo golpista que não concordam com a evolução social do país. A metodologia pode ser assim resumida: (1) algum deputado, senador ou assessor, seja lá o que for, passa informações supostamente escandalosas para a revista Veja com a oposição como vítima (detalhe: a vítima da oposição é sempre beneficiada); (2) o Jornal Nacional e os jornalões (O Globo, Folha de São Paulo e Estadão) reproduzem a reportagem da revista com mais alguns ingredientes dramáticos; (3) começam a aparecer contradições que colocam em xeque as versões da mídia, mas essa não arreda o pé (mantém-se no erro); (4) a oposição como aparecer como suspeita de produzir o factóide; (5) nesse instante, o Jornal Nacional e os jornalões perdem completamente o interesse pelo assunto, e misteriosamente o assunto some da pauta política. O roteiro é sempre o mesmo. Falta criatividade para a oposição política, o que inclui essa coisa nojenta chamada grande mídia brasileira.

sábado, agosto 30, 2008

Portal de Convênios do governo federal: uma boa iniciativa para melhorar a transparência púbica

O governo federal disponibilizou mais uma forma de elevar a transparência dos repasses públicos. A partir de 1º de setembro, todos os convênios e contratos de repasse de recursos voluntários da União somente poderão ser celebrados e operacionalizados através do Portal de Convênios. É mais um canal que facilita a transparência das contas públicas, permitindo um melhor acompanhamento da execução e a prestação de contas de todos os recursos repassados voluntariamente pela União.

Segundo Rogério Santanna, secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, o Portal de Convênios irá automatizar e agilizar essas transferências. Segundo ele, “a iniciativa significa a eliminação do papel na maioria dos processos, a desburocratização e a melhoria da eficiência em uma área essencial para a sociedade brasileira”.

O Portal de Convênios, da mesma forma que o Portal da Transparência, eleva o nível de transparência dos gastos públicos. É público e notório que as transferências voluntárias da União têm baixo nível de controle, baixo nível de transparência e elevados desvios nos âmbitos de governos locais e organizações não-governamentais (ONGs). Nos últimos anos, com a sistemática de sorteios da Controladoria-Geral da União (CGU), houve avanços significativos na fiscalização. O Portal facilitará o acompanhamento pela sociedade dos convênios celebrados, sendo mais um instrumento de transparência pública.

Simplificação – Atualmente, as entidades – estados, municípios e ONGs – precisam apresentar a documentação exigida para cada ministério (ou até mesmo para cada convênio distinto dentro de um mesmo ministério) com os quais têm interesse em estabelecer convênios. Com a iniciativa do portal, o órgão apresentará os documentos necessários ao governo apenas uma vez porque todas essas informações ficarão registradas no sistema.

Outra modificação que vai reduzir a burocracia e os custos de transação é que as contratações realizadas pelas entidades com esses recursos também terão de ser registradas no portal, bem como o pagamento às empresas contratadas. Com isso, fica suprimida a prestação de contas parcial e simplifica-se o rol de documentos necessários ao exame da prestação de contas. “Vamos evitar o acúmulo de processos com prestação de contas para serem analisados pelos ministérios”, destacou o secretário.

O governo poderá também padronizar os projetos básicos dos empreendimentos mais freqüentes realizados por meio desses convênios, como escolas, postos de saúde e hospitais, dispensando a apresentação de projetos básicos por parte dos estados e municípios. Além de simplificar os procedimentos, também agilizará o repasse dos recursos.

Transparência - Na opinião de Santanna, a iniciativa garante mais transparência às transferências voluntárias porque a sociedade poderá acompanhar a execução dos contratos pela Internet e verificar a aplicação dos recursos públicos.

O Portal de Convênios fará ainda o registro da movimentação financeira dos recursos repassados pela União, uma vez que o Sistema de Gestão de Convênios, Contratos de Repasse e Termos de Parcerias (Siconv) estará integrado aos bancos oficiais. Dessa maneira, as entidades e órgãos públicos que apresentarem irregularidades terão dificuldade em receber dinheiro público da União.

sexta-feira, agosto 29, 2008

A frase de Bill Clinton na Convenção Democrata

“Há décadas os republicanos falam de seus ideais econômicos mas só em 2001, quando ganharam maioria na Câmara, no Senado e a Casa Branca, tiveram total oportunidade de implementá-los. Qual o resultado? Nos levaram de superávit recorde para um déficit explosivo; de 20 milhões de empregos novos para apenas 5 milhões; para o constante aumento salarial das famílias de trabalhadores, para a diminuição destes salários; de 8 milhões de norte-americanos tirados da pobreza para 5,5 milhões lançados à pobreza sem citar os outros milhões que perderam seguro de saúde”.

O casal Clinton mostrou força na Convenção Democrata. Hillary Clinton levou os 75 mil convencionais a escolher Obama por aclamação. O fato é que a candidatura de Obama esfriou depois da vitória sobre a senadora democrata. Barack Obama construiu uma candidatura com o apoio do clã Kennedy e do ex-presidente Jimmy Carter. Adversários do casal Clinton no partido democrata, Obama representou para eles a chance de retornar o poder da máquina democrata. O inusitado é que Obama trouxe uma mensagem de mudança, dos novos paradigmas, em contraposição à dinastia dos Clinton. Mas os Clinton eram a novidade, a renovação democrata há alguns anos, e Obama se junta aos velhos democratas para trazer a mensagem da mudança. Como os americanos ficaram cansados de eleger dinastias depois de Bush, Obama foi beneficiado por esse sentimento.

quinta-feira, agosto 28, 2008

O Mantra

Do Blog do Luís Favre, de 27 de agosto de 2008

“A petista é, entre todos os candidatos à prefeitura, a que tem a maior taxa de rejeição.”

Hoje no Blog de Josias (jornalista Folha de São Paulo)

Pesquisa Datafolha - Rejeição e intenção de voto

Comentário deste blogueiro: A frase do Josias de Souza, da Folha de São Paulo, fala por si só. É mais uma demonstração cabal da tentativa de manipulação escandalosa do jornalismo engajado para a direita do espectro político. É mentira deslavada, na maior cara de pau, o que dispensa maiores comentários. Depois ficam reclamando que o povo não é mais influenciado pela mídia. Esquecem de dizer que o povo foi colocado de lado pela mídia há muito tempo. E o povo sabe das coisas, não é bobo. Enquanto o PSDB paulistano com a candidatura de Alckmin critica a administração Kassab, que não deixa de ser do PSDB, Marta Suplicy continua subindo. Se até eles já perceberam que a administração não é essa coca-cola que a Folha tenta vender, fica difícil defender o governo tucano-demo da prefeitura de São Paulo.

quarta-feira, agosto 27, 2008

Movimento Vigília Democrática

Dias atrás comentei sobre esse movimento no post “No meu voto, quem manda sou eu”. Agora, encontrei mais uma divulgação do movimento no "Blog Pedreira Na Vidraça". Este blog sempre teve posição clara contra a aliança, ou seja, o arranjo político patrocinado pelo governador Aécio Neves (PSDB) e o prefeito Fernando Pimentel (PT) para eleger Márcio Lacerda (PSB), com o vice Roberto de Carvalho (PT). O cenário eleitoral de Belo Horizonte ficou dominado cacifismo político ou simplesmente “dedaço” como sugeriu o Ministro dos Esportes Orlando Silva (PC do B), em alusão à tradição autoritária mexicana.

O “dedaço” é uma referência ao Partido Revolucionário Institucional (PRI), que durante 70 anos, a escolha do candidato da legenda para concorrer às eleições se dava no “dedo”, sem qualquer discussão dentro do partido. O candidato escolhido estava praticamente nomeado, pois a competição eleitoral entre os partidos era apenas simbólica.
Os candidatos Sérgio Miranda (PDT), Jô Moraes (PC do B) e Leonardo Quintão (PMDB) declararam apoio ao movimento. O Movimento Vigília Democrática envolve integrantes do PT, PMDB, PC do B, PDT e personalidades da sociedade civil sem filiação partidária.

Clique aqui para acessar o Manifesto do Movimento Vigília Democrática.

Pesquisas mostram disputa acirrada em Salvador

O cenário eleitoral da capital Salvador (BA) continua indefinido. A disputa pela Prefeitura de Salvador está ainda mais acirrada segundo as pesquisas Ibope e Datafolha divulgadas nos últimos dias. As duas consultas apontam o crescimento de Walter Pinheiro (PT) e a queda nas intenções de voto para Antônio Imbassahy (PSDB), ex- prefeito e João Henrique (PMDB), prefeito e candidato à reeleição. ACM Neto (DEM) continua na primeira colocação nas pesquisas, que ainda não refletem os resultados da propaganda eleitoral no rádio e na TV, pois foram feitas logo após a exibição do primeiro programa.

Do Site Vermelho, 27 de agosto de 2008

A pesquisa Ibope/TV Bahia divulgada nesta segunda-feira (25/8) mostra ACM Neto na liderança com 27% das intenções de voto, seguido de Imbassahy,18%, João Henrique , 15% e Pinheiro, 13%. Como a margem de erro da consulta é de quatro pontos porcentuais para mais ou para menos, fica configurado o empate técnico entre Imbassahy, João Henrique e Pinheiro na disputa pela segunda colocação. Hilton Coelho (PSOL) é o último colocado com 1%. Em comparação com primeira pesquisa Ibope divulgada no último dia 6, Imbassahy registrou a maior queda, 9% e ACM Neto recuou 2%, João Henrique que manteve os 15% e Pinheiro subiu sete pontos.

Ainda de acordo com o Ibope, o prefeito João Henrique, candidato à reeleição, continua com o maior índice de rejeição: 36%, mas com queda de 3% , em relação ao último levantamento, mas ainda dentro da margem de erro de 4%. A rejeição a Pinheiro também caiu de 25% para 24%. Já a situação de Neto e do ex-prefeito Imbassahy, deixa de ser confortável. A avaliação negativa do candidato do DEM subiu de 24% para 32% e a de Imbassahy (PSDB) saiu de 15% para 23%. Ou seja, a rejeição de ambos cresceu 8%. Hilton Coelho (PSOL), que tinha 26%, foi para 32%.

A pesquisa avaliou os possíveis cenários para o segundo turno, levando em conta apenas os três primeiros colocados na pesquisa anterior. Num eventual confronto entre Imbassahy e ACM Neto, o candidato do DEM levaria a melhor com 36% dos votos contra 31% do ex-prefeito. Neto também venceria se o confronto fosse com João Henrique: o candidato do DEM, chegaria a 40% contra 28% do atual prefeito. Num terceiro cenário de disputa entre Imbassahy e João Henrique, o tucano teria 37% e o peemedebista 27%. O percentual de eleitores que ainda não escolheu candidato é de 11%, votos brancos ou nulos somam 14% e 1% é o percentual de abstenção. Em um possível segundo turno, a soma dos indecisos chega a até 35%. O Ibope ouviu 602 eleitores, entre os dias 21 e 23 deste mês.

Datafolha

O Instituto Datafolha também publicou a segunda pesquisa de intenção de votos para as eleições de Salvador no domingo (24/8). A consulta publicada pelo jornal Folha de São Paulo mostra um empate técnico entre ACM Neto (DEM), 26%, e Antônio Imbassahy (PSDB), 24%. João Henrique (PMDB) fica em terceiro, com 17%, seguido de perto por Walter Pinheiro (PT), que marcou 13% das intenções. Como a margem de erro da pesquisa é de 3% para mais ou para menos, configura-se também o possível empate entre eles. Hilton Coelho permanece em último, com 2%. O levantamento também mostrou um acentuado crescimento de Pinheiro que pulou dos 7% registrados na pesquisa realizada em julho para 13% agora. Já o peemedebista, candidato a reeleição, caiu 2% e está agora com 17%. ACM Neto e Imbassahy tiveram queda de um ponto cada, em relação à pesquisa anterior. O candidato do PSOL, Hilton Coelho, permanece na lanterna, só que com o dobro das intenções de voto, passando de 1% para 2% entre as duas pesquisas.

O Datafolha fez ainda simulações de segundo turno envolvendo os três melhores colocados. No confronto entre o candidato do PSDB e do DEM, Imbassahy ficaria com 43% e ACM Neto, 39%. Contra João Henrique, o ex-prefeito teria 52% e o atual, 31%. Já na disputa entre João e Neto, o candidato do DEM teria 47% contra 37%. Em relação aos índices de rejeição, João Henrique continua na frente, mesmo sendo o único a apresentar queda, de 39% para 38%, que está na margem de erro da pesquisa. ACM Neto aparece com 32%, sete pontos acima do registrado antes. Hilton subiu de 23% para 30%, Pinheiro, de 19% para 22% e Imbassahy passou de 19% para 21%.

Na pesquisa espontânea – sem a apresentação dos nomes dos candidatos -, ACM Neto lidera com 16%, seguido por Imbassahy, com 12%. João Henrique fica com 10%, Pinheiro com 8% e Hilton Coelho não pontua. Entre os citados, o maior crescimento foi registrado por Pinheiro, que subiu cinco pontos, ficando com 8%, enquanto os primeiros colocados registraram alta de 3% cada. Outros nomes, incluindo-se o de Hilton Coelho e de pessoas que não são candidatas, somaram 2%, e as pessoas que declararam voto branco ou nulo, 8%. O Datafolha ouviu 831 eleitores entre 21 e 22 de agosto.

Polarização da disputa

Comparando as pesquisas do Datafolha e do Ibope, é possível constatar a estagnação nas intenções de voto de ACM Neto, queda nos percentuais de João Henrique e um acentuado crescimento de Pinheiro. As consultas divergem apenas em relação à Imbassahy, que empata tecnicamente com ACM Neto na primeira colocação, segundo o Datafolha, mas está embolado com João Henrique e Pinheiro na segunda colocação, de acordo com o Ibope.

Segundo a secretária estadual de Comunicação do PCdoB na Bahia, Julieta Palmeira, as atenções agora estão voltadas para a queda nas intenções de voto de João Henrique e Imbassahy. “Podemos dizer que estão embolados Imbassay, João Henrique e Pinheiro e a persistirem as tendências Pinheiro continuará crescendo. Isto dependerá também do desempenho dos candidatos na propaganda eleitoral no rádio e principalmente na TV. O resultado dessas pesquisas tem ainda pouca influência da propaganda eleitoral no rádio e na televisão, pois foram realizadas com apenas um dia de veiculação da propaganda majoritária ”, ressaltou Julieta.

As opções do blogueiro nas eleições municipais

Belo Horizonte: Este blog apóia a candidatura Jô Moraes (PC do B). Fiquei muito triste com o papelão que o PT de Belo Horizonte representou nessa eleição. Nada de pessoal contra Márcio Lacerda (PSB), mas a forma com que foi conduzida a escolha do candidato pelo prefeito Fernando Pimentel (PT) e o governador Aécio Neves (PSDB) é um desrespeito aos eleitores da cidade. Por outro lado, a candidata Jô Moraes tem história de luta popular em Belo Horizonte. Nesses 16 anos, esteve sempre ao lado do projeto popular iniciado por Patrus. Porém, o candidato Lacerda tem a máquina municipal e estadual, recursos financeiros para campanha e uma vantagem de horário eleitoral sem precedentes. É muito difícil vencer uma candidatura nesse patamar. Todavia, o importante é manter a esperança. A última pesquisa mostrou um crescimento espantoso do candidato Lacerda. Isso era esperado, mas a rapidez da elevação das intenções de voto surpreende. Em Belo Horizonte, em que o número de indecisos era muito grande, a exposição do candidato é crucial para seu sucesso. E, nesse quesito, Márcio Lacerda dá de goleada na Jô Moraes. Uma eleição de Jô Moraes é uma grande vitória da democracia. Uma candidatura construída nas bases contra um adversário escolhido por caciques partidários.

Curitiba: A candidata Gleisi Hoftmann (PT), esposa do ministro do Planejamento Paulo Bernardo, é a opção do blogueiro para Curitiba. A vantagem do prefeito e candidato à reeleição Beto Richa (PSDB) é muito alta. A administração municipal possui elevados índices de avaliação popular, o que praticamente aniquila as chances de uma candidatura de oposição como a representada pela candidata petista. A estratégia eleitoral da petista de levar estrelas do PT para fazer campanha no município – Dilma, Lula, Paulo Bernardo, etc. – dificilmente produzirá o resultado de impedir a vitória do prefeito no primeiro turno. Todavia, pode elevar o “recall” da candidata para futuras campanhas eleitorais.

Porto Alegre: Este blog apóia a candidata Maria do Rosário (PT) contra a reeleição do prefeito José Fogaça (PMDB). A disputa para ir para o segundo turno trava-se no campo da esquerda entre Maria do Rosário (PT) e Manuela Ávila (PC do B). As mulheres estão representando bem nesta eleição de Porto Alegre. A quarta colocada é a filha do ministro Tarso Genro, a deputada Luciana Genro (PSOL). Este blog ficará satisfeito se a candidata do PC do B chegar ao segundo turno e vencer a eleição. Todavia, sua aliança com o PPS tira um pouco o brilho de sua candidatura, o que reforça a opção pela candidata do PT. A expectativa que a esquerda vença a eleição no segundo turno, até mesmo porque a soma dos votos das candidaturas do campo da esquerda supera largamente as intenções de votos da direita, e do prefeito em particular.

São Paulo: A melhor surpresa das últimas rodadas de pesquisas eleitorais – IBOPE e DATAFOLHA – foi o crescimento das intenções de voto da candidata Marta Suplicy (PT). Kassab realiza um governo razoável, para não dizer centrista. Não é um governo popular, mas também não nenhum governo que possa ser classificado como ruim. Todavia, eleitores de segmentos sociais de renda mais baixa – os pobres – sentem abandonados pela administração tucano-demos. Daí vem a principal força da candidatura da Marta. Ademais, os problemas no trânsito deram à Marta a chance de penetrar em segmentos da classe média baixa, que havia perdido no último embate eleitoral. Mas o mais importante é que a direita paulistana enfrenta uma divisão interna entre as candidaturas de Kassab e Alckmin. Esse último está completamente perdido na eleição. Não sabe se ataca Marta ou se ataca a administração Kassab, que também é tucana. Isso porque os tucanos ligados ao governador Serra detém os mais importantes cargos da administração. Este blog espera uma vitória de Marta em São Paulo. O melhor que poderia acontecer é se viesse no primeiro turno, o que passou a ser uma hipótese crível, tendo em vista as últimas pesquisas eleitorais. Aliás, esse é o desespero do tucanato atualmente.

Rio de Janeiro: Este é um blog de um eleitor petista, portanto, preferencialmente o apoio é para candidatos petistas. Porém, no Rio de Janeiro, o PT conseguiu se auto-destruir, desde a desastrada intervenção patrocinada por José Dirceu para impedir a candidatura de Vladmir Palmeira e apoiar o candidato Garotinho em 1998. Desde então, o PT nunca mais teve o mesmo brilho no município. O desgaste da figura de Benedita da Silva e a saída de Chico Alencar para o PSOL só agravaram uma situação que já não era boa. Tenho boas referências do candidato petista Alessandro Molon, é uma boa novidade. Porém, nessas eleições, sua candidatura não tem a menor chance. Assim, o melhor é o PT desistir de vez de seu sonho impossível e apoiar uma candidatura do campo popular: Jandira Feghali (PC do B). Essa sim é uma ótima opção para prefeita do Rio de Janeiro. Todavia, o PT tende a insistir com sua candidatura até o final. O risco é que o candidato metamorfose-ambulante Eduardo Paes (PMDB) consolide no segundo lugar e terei que apoiar o candidato Crivella (PRB). Nem eu, muito menos o Rio merecemos. Vale ressaltar que a candidatura Gabeira (PV) e seus neo-aliados (PSDB e PPS) não decola. Se a eleição fosse realizada somente no Leblon, Copacabana, Ipanema e adjacências, Fernando Gabeira seria o prefeito carioca. Todavia, o Rio é um pouco mais que a classe média da zona sul. Como os pobres também votam, é natural que queiram ser levados em consideração pelo candidato que deseja seu voto. Acorda Gabeira.

Recife: As últimas pesquisas eleitorais são unânimes em apresentar o crescimento da candidatura do petista João da Costa. A administração do prefeito João Paulo (PT) é muito bem avaliada, o que favorece uma candidatura de continuidade. Ademais, o governo estadual de Eduardo Campos (PSB) é bem avaliado pela população, e apóia o candidato do prefeito da cidade. Tal cenário favorece o crescimento da candidatura governista. Como nunca tinha disputado uma eleição, o candidato do PT era pouco conhecido (“baixo recall”), muito embora tenha sido o secretário de planejamento do governo municipal. O fato de participar de um governo bem avaliado é um fator que ajuda o crescimento de sua candidatura, pois fica mais fácil uma identificação pelo eleitorado da continuidade administrativa. Os dois outros postulantes mais competitivos têm bom “recall” de eleições passadas, mas fazem oposição à administração atual. A expectativa do blogueiro é que PT continue na administração de Recife.

Fortaleza: A opção do blogueiro para Fortaleza é para a continuidade da administração de Luizianne Lins (PT). Há uma disputa envolvendo os evangélicos, com cartazes de outdoors contra a prefeita por razões de puro fanatismo religioso. Ademais, a candidata Patrícia Saboya (PDT) tem atacado a candidata petista, principalmente por que foi proibida pela Justiça Eleitoral de usar as imagens de Lula e de mensagens de apoio do ex-marido Ciro Gomes (PSB). Este último partiu para ataques de baixo calão contra a candidata do PT, mostrando mais uma vez seu descontrole verbal. Vale lembrar o Ciro Gomes que o seu partido apóia a candidata do PT, tendo inclusive indicado o candidato a vice, e que o maior partido da base do governo de seu irmão Cid Gomes é o PT. Mas o descontrole do Ciro acaba contra ele mesmo. É um político de qualidades inegáveis, que tinha tudo para ser um grande estadista, mas deixa-se levar por querelas pessoais. Em Belo Horizonte, ao classificar como escoria os contrários à candidatura de seu apadrinhado político Márcio Lacerda, Ciro demonstrou sua pouca tolerância política. Agora em Fortaleza, mostra falta de coerência. Por último, vale ressaltar que o candidato do DEM, Moroni Torgan, está em segundo lugar nas pesquisas, tendo tudo para ir para o segundo turno.

Salvador: Em Salvador, as pesquisas mostram a liderança do neto do Toninho Malvadeza, o ACM Neto (DEM). Em seguida, o ex-prefeito Antonio Imbassahy (PSDB), seguido do atual prefeito João Henrique (PMDB). No quarto lugar, está o candidato do PT Walter Pinheiro, o único dos principais postulantes que subiu na última pesquisa DATAFOLHA. Este blog torce por sua candidatura. A subida do candidato petista foi significativa, já estando em empate técnico com o prefeito João Henrique. A expectativa é que o horário eleitoral ajude o candidato petista alcançar o segundo turno, representando a esquerda popular contra a candidatura direitista.

Em tempo: Este blog apóia o retorno de Maria do Carmo (PT) para a prefeitura de Betim (MG). Realizou talvez o melhor governo que Betim já teve. Ultimamente vem sofrendo ataques anônimos de baixo calão, de figuras que escondem no anonimato para divulgar mentiras e calúnias contra a candidata. Boa sorte Maria do Carmo.