Alon Feuerwerker, do Blog do Alon
O “momentum” da eleição está com a candidata do PT. A situação objetiva faz emergir um PMDB cioso de seu papel. Os últimos dias foram pródigos em notícias sobre as ambições peemedebistas na eventual futura administração, mas estes anos de Brasília convenceram-me de algumas coisas. Uma delas: o apetite do PMDB é grande, não maior entretanto que o dos demais. O PT incluído. Ou principalmente.
Talvez esteja passando despercebido certo detalhe na abordagem sobre o papel do PMDB num hipotético futuro governo Dilma.
O PMDB de 2010 é algo diferente em relação ao partido que se desmilinguiu no governo Sarney e entrou no corredor polonês com Fernando Collor e Itamar Franco, antes de pousar no limbo com Fernando Henrique Cardoso e com o Luiz Inácio Lula da Silva do primeiro mandato. De 2007 para cá, Lula reconstruiu e unificou o velho PMDB, para usá-lo como mecanismo de proteção do próprio poder. Proteção inclusive contra o PMDB.
Um bom amigo que sabe das coisas já observava anos atrás, com o conhecido humor. Se o PMDB dividido é uma dor de cabeça para qualquer governo, unido será um desafio maior ainda. Ainda mais se se tornar um fiador insubstituível.
Era o papel que o antigo PFL sonhava desempenhar no governo FHC, mas o plano não deu tão certo. O pefelismo saiu dos oito anos da aliança mais fraco do que entrara. A situação do PMDB agora é comparativamente melhor: se enfraquecer o PFL nos anos 1990 era chique para um segmento da opinião pública, por supostamente ajudar a “libertar” o PSDB do “atraso”, enfraquecer o PMDB num eventual governo Dilma resultará em mais força para o PT.
Coisa de que o pessoal chique não quer nem ouvir falar. Ainda mais quando vê os caminhos da política em alguns vizinhos.
O PMDB chega a este estágio da corrida eleitoral bastante confortável, com o candidato a vice, Michel Temer, dando-se ao luxo de descartar publicamente propostas da titular. Como a tal Constituinte exclusiva. Ou mandando avisar que aqui no Brasil ninguém vai bulir na liberdade de imprensa. Temer sabe bem para que público se dirige.
Sobre a Constituinte, o PMDB terá força maciça no Congresso. Por que abriria mão para ajudar a construir uma “dualidade de poder”? Para dar combustível a tentativas de ruptura? Não faz sentido.
De todos os jogadores que chegam a esta reta final da corrida pelo Palácio do Planalto, dois vêm em posição destacada: Lula e o PMDB. Com uma diferença. O presidente tem data marcada para ir embora, o PMDB, não.
Mas o que fará o PMDB com seu belo cacife? A aposta predominante é que vai dilapidá-lo em pequenos lances, em joguetes por espaços orçamentários, em movimentos previsíveis da micropolítica brasiliense. Será?
Se agir assim, o PMDB demonstrará pouca inteligência, o que é sempre possível. Mas considerando a história recente, talvez não seja o mais provável. Eu apostaria no contrário.
De todo modo, são apenas apostas.
Comentário do Blogueiro: Entre abril e maio, o Datafolha teve que promover uma “disparada” de Dilma para ajustar suas pesquisas de abril. É assim mesmo, o instituto de pesquisa força a barra para o Serra e quando não tem como mais fugir da realidade é obrigado a promover sua “disparada”, perdendo sua credibilidade. Nas duas últimas pesquisas, mais uma “disparada”. As pesquisas do IBOPE, Vox Populi e Sensus não verificaram essa “disparada dilmista”, apenas crescimento gradual de pesquisa após pesquisa, com alguns intervalos.
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